MOSCOU - A Rússia prestou nesta terça-feira (09/12) a última homenagem ao patriarca Alexis II, grande restaurador da Igreja ortodoxa russa, em um funeral celebrado na catedral de Cristo-Salvador de Moscou, na presença do presidente Dmitri Medvedev e do primeiro-ministro Vladimir Putin.
A primeira personalidade a beijar a mitra de Alexis II foi Medvedev, seguido pela esposa, Svetlana Medvedeva, Putin (que contribuiu para restaurar a influência da Igreja ortodoxa na Rússia durante sua época como presidente, de 2000 a 2008) e sua mulher, Liudmila Putina.
Também estavam presentes os presidentes de Belarus e Sérvia, dois países de tradição ortodoxa, Alexander Lukashchenko e Boris Tadic, respectivamente. A presença das principais autoridades do Estado russo demonstra a força atual da Igreja ortodoxa russa, depois de mais de 70 anos de ateísmo soviético.
Alexis II, que um ano antes da queda da URSS se tornou, em 1990, o patriarca de Moscou e de todas as Rússias, "herdou uma Igreja debilitada por décadas de repressão", declarou seu sucessor interino, o metropolita Kirill de Smolensk e Kaliningrado.
"Hoje ele nos deixa outra Igreja. Não é mais frágil, impotente. Milhões de pessoas compreenderam que sem a verdade divina, não há verdade humana", acrescentou Kirill. Alexis II, que faleceu na sexta-feira aos 79 anos, deixa uma Igreja ortodoxa em plena revolução, com mosteiros e templos por todo o território.
A religião se tornou um elemento da identidade russa depois do vazio deixado pelo fim da ideologia soviética. A Igreja e o Kremlin aproximaram posições nas presidências de Boris Yeltsin (1990-1999) e de Vladimir Putin (2000-2008).
A cerimônia desta terça-feira durou mais de três horas e foi celebrada na imensa catedral moscovita, reconstruída nos anos 90 de maneira idêntica à que foi dinamitada por Stalin, que construiu uma piscina no local. O caixão permaneceu aberto, como determina a tradição ortodoxa, e o rosto de Alexis II estava coberto por um véu branco.
Além das personalidades políticas, também estiveram presentes algumas celebridades, além de dois representantes do Vaticano, um bispo anglicano e figuras da comunidade muçulmana. Nos últimos três dias, mais de 80.000 fiéis passaram pela catedral de Cristo-Salvador para homenagear o patriarca.
A pedido do presidente russo, os programas de entretenimentos foram suspensos nesta terça-feira da TV, em mais uma mostra do status de religião praticamente oficial alcançado pela Igreja ortodoxa na Rússia pós-soviética. O metropolita Kirill, 62 anos, tem tudo para ser designado o próximo patriarca de modo oficial, em um prazo de seis meses.