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Cemitério islâmico rejeita autores de ataques em Mumbai

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Um cemitério islâmico se recusou a receber e sepultar os corpos de nove terroristas que fizeram parte do ataque a Mumbai na semana passada, que deixou mais de 170 pessoas mortas. De acordo com a influente associação islâmica Jama Masjid, que administra o cemitério de Badakabrastan, em Mumbai, os nove homens não são seguidores da verdadeira fé islâmica. "As pessoas que cometeram esse crime horrendo não podem ser chamadas de muçulmanas", disse Hanif Nalkhande, um dos administradoras da associação. "O Islã não permite esse tipo de crime bárbaro" Dez atiradores começaram uma série de ataques na capital financeira da Índia na noite da quarta-feira da semana passada, atingindo 10 alvos e se entrincheirando em três deles: um centro judaico e dois hotéis de luxo. Comandos indianos invadiram os locais e abateram os atiradores, após vários combates. Apenas um dos terroristas foi capturado vivo e os outros foram mortos. Agora, os corpos dos nove terroristas aguardam em um necrotério por sepultamento, enquanto o único sobrevivente está detido. Normalmente, corpos não reclamados de muçulmanos são sepultados no cemitério islâmico mais próximo, três dias após serem entregues ao local de sepultamento. A polícia indiana acredita que ninguém reclamará seus corpos, já que acredita-se que eles sejam paquistaneses. "Os corpos dos atiradores precisam ser enterrados, porque nós somos obrigados a supervisionar que os ritos sejam feitos de acordo com a religião deles", disse Jain Sirmukadam, inspetor graduado da polícia de Mumbai. "Nós soubemos da decisão da associação Jama Masjid. Agora, consideramos o que fazer". Existem outros sete cemitérios islâmicos em Mumbai, mas a influência do Jama Masajid e sua recusa em sepultar os corpos significa que nenhum outro local de sepultamento receberá os terroristas. Embora Nalkhande e outros estudiosos islâmicos tenham apoiado a decisão, alguns também a criticaram. O estudioso Maulauna zubair Ahmed disse que até mesmo terroristas precisam ter um sepultamento digno. "Para a Sharia, a lei islâmica, a associação não pode dizer não", disse Ahmed. "A Sharia diz que mesmo que um islâmico seja um bêbado, um estuprador, um criminoso, você deve oferecer ao corpo dele um local de sepultamento", afirma. Segundo as autoridades indianas, o terrorista capturado disse ter sido treinado em um campo no Paquistão, operado pelo grupo militante Lashkar-e-Taiba. As autoridades no Paquistão negam a informação.