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Equador vai dar calote no Brasil

O presidente Rafael Correa anuncia ação na Justiça internacional para sustar o pagamento, ao BNDES, do empréstimo de US$ 243 milhões feito à construtora Odebrecht para a construção de uma usina hidrelétrica

O Itamaraty foi envolvido em duas crises diplomáticas. Apesar dos alertas do chanceler brasileiro, Celso Amorim, o Equador entrou com ação na Câmara de Comércio Internacional, em Paris. Quito pretende evitar o pagamento de US$ 243 milhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiou a construção da hidrelétrica San Francisco pela construtora Odebrecht ; expulsa do país por descumprimento de contrato. Ao mesmo tempo, o Paraguai protestava em nota diplomática ; também distribuída para a imprensa ; contra a violação de seu território por soldados do Exército Brasileiro. O presidente equatoriano, Rafael Correa, fez questão de anunciar a medida: ;Na quarta-feira, iniciamos o processo jurídico para denunciar o crédito à Odebrecht;, disse durante a divulgação do relatório sobre a dívida externa, que supera US$ 3,7 bilhões. Ele também propôs a criação, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), de um tribunal de arbitragem para investigar a legitimidade dos débitos assumidos pelas administrações anteriores. ;A criação de um sistema jurídico independente seria uma grande contribuição para levantar a realidade da dívida soberana;, ressaltou. Os países endividados continuam apelando ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que é um representante dos credores. Felizmente, a instituição está com seus dias contados por decisão dos sócios majoritários.; As operações da hidrelétrica de San Francisco foram interrompidas por falhas técnicas apenas um ano depois da conclusão da obra. Após algumas tentativas fracassadas de acordo, Correa decidiu expulsar a Odebrecht. Segundo o governo do Equador, o dinheiro foi fornecido pelo BNDES à construtora. Por isso, Quito considera que a dívida não é de sua responsabilidade. Correa anunciou que o Executivo processaria civil e criminalmente a empreiteira, por fraude, depois que ela se negou a indenizar o Estado por descumprimento de contrato. O presidente também ordenou o embargo dos bens da Odebrecht e rescindiu todos os seus contratos no país, no valor total de US$ 600 milhões. Os ataques de Correa se estenderam também à Petrobras, forçada a devolver lotes de prospecção na Amazônia equatoriana. Além disso, o governante expulsou o representante do Banco Mundial no país, acusando-o de tentativa de extorsão. O mercado reagiu mal e o risco-país chegou a 4.250 pontos. O Itamaraty não recebeu nenhum comunicado oficial da decisão equatoriana, e por isso não emitiu nota. Paraguai Segundo o governo paraguaio, 30 soldados do 17º Regimento de Cavalaria Mecanizada (17º RCMec), sediado em Amambaí (MS), comandados pelo capitão Porto ; equipados com dois carros blindados Cascavel, um transporte de tropas Urutu e quatro jipes artilhados ;, atravessaram a fronteira no município de Salto del Guairá, no posto Painerinha, numa missão para inibir o contrabando e o tráfico de drogas. Eles foram abordados pelo comandante do Regimento de Caballeria 4 (RC4), coronel Pastor Ferreira, acompanhado por marinheiros e policiais. Pouco depois, chegou um caminhão com 30 soldados do Exército Paraguaio, que deixaram a área depois de alguns minutos. O embaixador do Brasil em Assunção, Eduardo dos Santos, foi rápido. Solicitou audiência ao Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, antes de ser convocado, para se explicar ao chanceler Alejandro Hamed Franco. ;A conversa foi cordial;, afirmou uma fonte do Itamaraty. ;Nossos soldados podem ter se posicionado por engano em território vizinho, uma coisa comum em fronteiras secas.; Na tarde de ontem, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediu mais informações sobre o assunto. Nenhuma nota foi divulgada.