O presidente boliviano, Evo Morales, disse que se reuniu hoje com quatro congressistas norte-americanos para tratar de temas bilaterais, entre eles a expulsão do embaixador dos Estados Unidos. Porém, Morales negou que tenha viajado a Washington para negociar com o próximo governo dos EUA, o do presidente eleito Barack Obama. "Alguns parlamentares têm direito de protestar pela declaração de persona non grata ao embaixador, pela suspensão (dos trabalhos na Bolívia) da DEA (agência norte-americana antidrogas), mas quando expliquei a eles em detalhes o porquê, entenderam perfeitamente", afirmou Morales.
Ele se encontrou com parlamentares democratas e republicanos, mas negou que tenha viajado para "negociar com o futuro governo" de Obama. O congressista Dick Lugar, um republicano, foi um dos que se encontraram com Morales. Ele rechaçou, em comunicado, qualquer crítica à atuação dos EUA na Bolívia e disse esperar que a relação bilateral seja renovada "no respeito e na transparência".
Na segunda-feira, Morales falou à Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Ontem, teve uma intensa agenda, quando discursou em três universidades, em Nova York e em Washington, onde reiterou o desejo de colaborar com EUA em assuntos como comércio e investimentos, além de mencionar suas políticas de apoio aos pobres.
Morales explicou aos congressistas que toda a comunidade internacional condenou os atos da oposição, quando ela iniciou uma campanha contra o governo, há alguns meses. "Porém somente o embaixador dos Estados Unidos não condenou, se calou. Isso é muito grave para a imagem dos Estados Unidos", disse o presidente.
Apesar de negar que estava ali para negociar com a futura administração, Morales elogiou o próximo líder. "Obama é um irmão que vem do setor mais discriminado, como os povos indígenas", comparou. "É nossa obrigação nos entendermos para que nossos povos se beneficiem.
Sobre o afastamento da DEA do país, Morales não fechou as portas para a cooperação bilateral no narcotráfico. "Qualquer cooperação incondicional será bem-vinda." Na semana passada o governo boliviano também afirmou que estava proibida a presença da Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) no país.