Três prefeitos (governadores) da oposição boliviana anunciaram hoje que farão campanha pelo "não", a favor do rechaço do projeto da nova Constituição da Bolívia, defendido pelo presidente Evo Morales, e que irá a referendo em janeiro de 2009. Os governadores de Santa Cruz e Beni, no oriente do país, e Chuquisaca, no sul, disseram, em coletiva de imprensa, que concordaram em impulsionar uma campanha contra o projeto constitucional, embora não em bloco. A coletiva foi feita em Trinidad, capital de Beni, onde os governadores se reuniram.
Segundo eles, o departamento de Tarija, também governado por um opositor, tomará uma decisão até o final desta semana. O governador de Santa Cruz, Rubén Costas, em nome dos seus colegas disse que a população que não deseja "um projeto hegemônico e maquiado" deve se unir na luta contra a nova Constituição, ao lado dos governos dos departamentos opositores. "Nós não somos um partido político, sempre funcionamos como uma resistência democrática e seguiremos a fazer isso", disse Costas.
Enquanto isso, o governo de Evo está em plena campanha a favor da aprovação da Constituição, em comícios e na propaganda na televisão. No final de semana passado, Morales falou em um comício e deu como certa a aprovação da Constituição em 25 de janeiro e disse que o que mais o preocupa é a aplicação das reformas.
No mês passado, uma negociação entre governo e oposição, monitorada por observadores internacionais, pode acabar com o impasse que manteve a Bolívia em severa crise política por vários meses. O texto que irá à consulta sofreu uma centena de modificações e incorpora as autonomias para as regiões, como pediu a oposição; consolida as reformas estatizadoras de Morales e permite a reeleição presidencial. Se a Constituição for aprovada, a Bolívia terá eleições gerais em dezembro de 2009.