Praga - O sistema escolar da República Tcheca ainda discrimina crianças descendentes de ciganos, que freqüentemente são encaminhadas para sessões reservadas a alunos com problemas mentais e dificuldade de aprendizado, indica um relatório do Centro Europeu de Direitos dos Ciganos publicado nesta quinta-feira.
"As crianças ciganas continuam a ser dramaticamente amontoadas em escolas primárias práticas que seguem um currículo para alunos com problemas mentais", afirma o documento. A reforma educacional iniciada em 2005 no país teve "pouco impacto (...) no que diz respeito à integração das crianças ciganas no sistema escolar", acrescenta.
Um veredito da Corte Européia para os Direitos Humanos de novembro de 2007, condenando a República Tcheca por discriminação contra as minorias ciganas nas escolas, também não ajudou a melhorar a situação, lamentam organizações de defesa dos direitos humanos como a Anistia Internacional.
Há entre 250.000 e 350.000 ciganos vivendo na República Tcheca, numa população de 10 milhões de pessoas. Cerca de um terço desses ciganos vive em comunidades isoladas, como guetos, de acordo com dados recentes aferidos pela Agência de Notícias Tcheca (CTK).
O ministro da Educação tcheco, Ondrej Liska, reconheceu os problemas apontados no relatório. "A República Tcheca é criticada com freqüência - e com razão - por dificultar que crianças ciganas recebam a mesma educação da maioria (...), impedindo que elas se integrem totalmente à sociedade", admitiu o ministro.
A prática da "separação física" das crianças ciganas é um legado da era comunista, permanecendo como um grave problema em países como Bulgária, Hungria, Romênia e Eslováquia, ainda de acordo com o relatório.