HAVANA - O líder cubano, Fidel Castro, orientou o chefe da guerrilha das Farc, Manuel Marulanda, a evitar uma guerra "excessivamente prolongada" na Colômbia, revela o prólogo do livro do "comandante", apresentado nesta quarta-feira, em Havana.
"Discordei do chefe das Farc sobre o ritmo do processo revolucionário na Colômbia, disse que sua guerra era excessivamente prolongada", destaca Fidel Castro na introdução de seu livro "A paz na Colômbia", de 265 páginas.
O livro aborda o início da luta de Marulanda e dos grupos armados surgidos na Colômbia entre 1949 e 1953 e sua transformação, nos anos 60, nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Marulanda, também conhecido como "Tirofixo", morreu em 26 de março passado, nas montanhas da Colômbia.
Fidel destaca "a extrema complexidade do processo revolucionário colombiano, muito diferente do de Cuba" e de países da América Central.
No livro, o líder cubano também trata do papel de Washington no conflito colombiano e destaca que do "ponto de vista teórico e prático, nenhum outro país desenvolveu um grau tão alto de vínculos típicos do imperialismo" com os Estados Unidos como a Colômbia.
Fidel lembra as gestões de Cuba nos processos de paz na Colômbia e inclui no livro transcrições do diálogo que manteve com os chefes guerrilheiros colombianos no início dos anos 90.
Estes diálogos "ilustram o tipo de relações que mantínhamos com as organizações revolucionárias da Colômbia e de toda a América Latina".
Castro escreveu o livro inspirado na experiência pessoal que viveu no chamado 'Bogotaço', em abril de 1948, quando o assassinato do candidato presidencial Jorge Eliécer Gaitán deflagrou uma violenta revolta popular.