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Cientistas japoneses criam clones a partir de camundongos mortos e congelados

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TÓQUIO - Cientistas japoneses anunciaram nesta terça-feira (04/11) que criaram clones a partir de um camundongo morto e congelado há 16 anos, abrindo caminho para pesquisas com mamíferos já extintos como os mamutes. Cientistas do Instituto Público de Pesquisa Riken utilizaram a célula congelada de um camundongo, que havia sido conservado a 20 graus Celsius abaixo de zero. Os cientistas, cujos resultados foram divulgados nos Anais da Academia Nacional norte-americana de Ciências (PNAS), esperam que a experiência, a primeira desse tipo, abra caminho para clonar animais extintos. Os cientistas extraíram o núcleo de células do tecido cerebral do roedor morto e o injetaram em uma célula sem núcleo, extraída de um rato vivo. Os embriões criados dessa forma foram depois utilizados para gerar células-tronco embrionárias. A partir delas, os pesquisadores produziram doze ratos clonados que se encontram em bom estado de saúde. "As técnicas de transferência de núcleos de células, desenvolvidas recentemente, aumentaram visivelmente as chances de revivermos animais extintos", disse em um comunicado a equipe de pesquisadores, liderada por Teruhiko Wakayama. Os autores do estudo dizem que o núcleo extraído de outros órgãos congelados também pode ser utilizado para a produção de embriões viáveis, mas com uma taxa de êxito muito menor do que com a utilização de núcleos procedentes de células cerebrais. Anteriormente, as células extraídas de corpos mortos se mostraram inúteis para a clonagem por se deteriorarem durante o período de congelamento. No entanto, a equipe de Wakayama descobriu a maneira de extrair um núcleo intacto de uma célula congelada, fragmentando tecidos celulares em várias partes. Os pesquisadores dizem que ainda restam muitas dificuldades à frente para se trazer de volta à vida animais extintos. Para clonar um mamute, por exemplo, os pesquisadores teriam que encontrar uma maneira de implantar o núcleo de uma célula de mamute em uma célula de elefante, e depois implantar o embrião resultante no útero de um elefante, o parente "moderno" mais próximo do mamute. Akira Iritani, da Universidade Kinki de Osaka (Japão), disse que a clonagem de um mamute é apenas uma questão de tempo. "Tenho muitas esperanças de que seremos capazes de encontrar um exemplar adequado", disse à emissora japonesa NHK. "Afirma-se que há mais de 10 mil mamutes enterrados na Sibéria", acrescentou. Esse processo permitiria criar células-tronco embrionárias de espécies extintas, o que favoreceria a pesquisa sobre a evolução e a zoologia, disse a especialista.