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Aldeia queniana da avó de Obama está de olho nas eleições americanas

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KOGELO - "Este é um grande dia para comemorar". Em Kogelo, aldeia queniana da avó paterna de Barack Obama, todos os moradores se adaptaram ao horário americano para acompanhar passo a passo a eleição presidencial, sem hesitar um só instante em relação à vitória do "filho do país". Em Kogelo, situada no oeste do Quênia, a sessenta quilômetros da cidade de Kisumu, técnicos instalaram nesta terça-feira um telão, diante do qual parentes do candidato democrata, amigos e vizinhos se preparavam para uma longa noite de espera, antes do anúncio do nome do próximo presidente dos Estados Unidos. Na aldeia banhada pelos rios do lago Victoria, um boi será sacrificado na noite eleitoral, apesar de o resultado da votação ser divulgado apenas na manhã de quarta-feira. "A razão pela qual estamos aqui é que esperamos um grande dia para comemorar", explica Malik Obama, meio-irmão do senador pelo Illinois, que se recusa a pensar na possibilidade de uma derrota de seu parente. Famosa pela ascensão política de Barack Obama, Kogelo já colhe os frutos das chances de Obama chegar ao poder na maior economia do mundo. A Polícia instalou um posto próximo à casa de Sarah Obama, avó de Barack, para assegurar a sua proteção. Sarah é a terceira esposa do avô paterno de Barack Obama. Não há uma ligação biológica entre eles, mas o candidato democrata a considera como sua avó. A outra avó de Barack Obama, branca, Madelyn Dunham, que morava no Havaí, morreu de câncer nesta terça-feira à noite aos 86 anos, na véspera da eleição. Outro efeito benéfico da eleição americana para Kogelo: o governo queniano asfaltou às pressas a estrada de terra que liga a aldeia à capital da província, Kisumu. Em Kisumu, terceira maior cidade do Quênia e bastião da etnia Luo, à qual pertencia o pai de Barack Obama, os moradores também se preparam para sair às ruas em comemoração pela vitória do senador democrata, que para eles já está garantida. "Nosso maior sinal de solidariedade será sair às ruas para agradecê-lo por sua luta", explica John Ouma, pequeno comerciante, indicando que há bebidas alcoólicas suficientes para a celebração. Os bares da cidade concluíam os preparativos para a "noite da vitória". No prospecto, um slogan escrito em língua luo: "é a nossa vez, filhos de Alego", em referência à região onde está localizada a aldeia de Kogelo. "Não fazemos campanha, não votamos na América, mas temos que ficar ao lado de nosso filho", ressalta Peter Odoyo, um ex-deputado que instalou na cidade um retrato gigante de Barack Obama com a inscrição "mensagem de boa vontade". A Polícia montou um forte esquema de segurança devido aos temores de confusão. Kisumu foi uma das cidades mais afetadas pela violência político-étnica desencadeada após a reeleição do presidente Mwai Kibaki , no dia 27 de dezembro de 2007. O Quênia mantém relações cordiais com os Estados Unidos, mas muitos quenianos consideram que a eleição de Obama daria um "status especial" ao país.