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Voluntários preparam-se para participar da apuração das eleições americanas

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Exércitos de voluntários, advogados e agentes federais estarão a postos nos Estados Unidos, em meio a temores de que uma participação recorde nas eleições presidenciais de terça-feira (04/11) sobrecarregue o sistema de votação, levando-o ao colapso. A lembrança amarga da confusa eleição do ano 2000, disputada entre George W. Bush e Al Gore, que acabou sendo decidida pela Suprema Corte, ainda está na cabeça dos americanos, e muitos acham que os novas sistemas adotados para o pleito deste ano não fizeram nada além de complicar o processo. Longas filas já podem ser vistas nos estados chave do dia 4 de novembro, onde os eleitores podem votar antecipadamente. Vários observadores acreditam que esta tendência se manterá na terça-feira, com muitos eleitores esperando por horas a fio para votar no democrata Barack Obama ou no republicano John McCain, além de opinar em outros temas públicos submetidos ao voto popular no mesmo dia. Muitos estados abandonaram o sistema de votação com cédulas depois do fiasco da Flórida em 2000, mas há quem tema que as urnas eletrônicas, dotadas de telas sensíveis ao toque, não sejam suficientes ou não resistam à intensidade do uso. Grupos de direitos civis e de monitoramento online estão colocando milhares de voluntários de prontidão para ajudar os eleitores e acompanhar qualquer problema, filmando e postando as situações na internet em tempo real. Além disso, cerca de 800 observadores federais, coordenados pelo departamento de Justiça, já começaram a se espalhar, e estarão presentes em 59 áreas delicadas de 23 estados. "O departamento de Justicia fará tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que as coisas corram da melhor forma possível, e, tão importante quanto, que os americanos tenham confiança em nosso processo eleitoral", disse Michael Mukasey, secretário do departamento, através de um comunicado. O maior foco de preocupação neste momento são os eleitores mais jovens, muitos deles votando pela primeira vez, que podem se esquecer de levar os documentos necessários ou não ter paciência para esperar em longas filas. "Trabalharemos muito duro para assegurar que cada voto seja contado. Mas, sendo realistas, não estamos em um mundo perfeito e sabemos que o sistema possui algumas falhas", estimou Stephanie Young, que trabalha no setor de comunicação da associação "Rock the Vote", que incentiva o voto entre os jovens. Assim como outros grupos, o "Rock the Vote" mantém contato com um comitê de advogados pronto para prestar assessoria imediata aos eleitores, e mesmo dar início a processos contra funcionários eleitorais que tentem impedir que uma pessoa vote. "Temos muitos voluntários in loco, para distribuir chocolate quente e entreter as pessoas, talvez até contando piadas", disse Young. Tudo isso para "literalmente, garantir que os jovens não se distraiam ou desanimem por causa das filas demoradas". O grupo "Video the Vote", por sua vez, terá aproximadamente 3.000 voluntários para filmar qualquer problema que aconteça nos centros de votação, postando os registros de vídeo em seu site. De todo modo, espera-se que os estados chave das eleições aumentem o horário de votação por causa da alta taxa de comparecimento esperada, o que já havia acontecido em Ohio em 2004, estado que decidiu a reeleição de Bush.