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Petraeus viaja ao Paquistão, onde violência preocupa Washington

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ISLAMABAD - O general David Petraeus, novo chefe das operações militares americanas no Afeganistão e no Iraque, visitou nesta segunda-feira (03/11) o Paquistão, em uma demonstração da preocupação de Washington frente à escalada da violência neste país. Esta visita, depois da qual deve ser reexaminada a estratégia dos estados Unidos no Afeganistão e nas zonas tribais paquistanesas, "mostra a importância do Paquistão na guerra contra o terrorismo", destacou Talat Masood, general da reserva e especialista nas questões ligadas à segurança. Entretanto, os dirigentes paquistaneses aproveitaram a ocasião para reiterar, em termos firmes, sua oposição aos disparos de mísseis americanos em seu território. "Estes disparos são contraproducentes e dificilmente justificáveis quando provêm de um governo democraticamente eleito, e criam uma falta de credibilidade", declarou o presidente Asif Ali Zardari ao receber o general Petraeus. Os tiros de mísseis podem "fomentar sentimentos antiamericanos e provocar uma onda de violência na população", advertiu, por sua vez, o ministério da Defesa paquistanês. Estes disparos norte-americanos contra esconderijos de insurgentes no noroeste do Paquistão, na fronteira com o Afeganistão, estremeceram as relações entre os dois países, aliados na guerra contra o terrorismo desde os atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington. David Petraeus, 55 anos, que assumiu o cargo sexta-feira depois de ter obtido vários sucessos na guerra contra os rebeldes no Iraque, se encontrou em Islamabad com os dirigentes civis e militares do Paquistão, antes de viajar para o Afeganistão, segundo a imprensa. Esta visita "mostra que o Paquistão se tornou um ponto de interesse central para os Estados Unidos", afirmou Talat Masood. De fato, segundo muitos especialistas, as zonas tribais do noroeste do Paquistão se tornaram a "nova frente" da guerra contra o terrorismo, onde se entrincheiraram talibãs afegãos expulsos de seu país desde 2001 e outros rebeldes ligados à rede Al-Qaeda. Washington e Cabul afirmam que estes grupos lançam desde estas zonas ataques contra as forças internacionais no Afeganistão, e acusam Islamabad de não se empenhar o suficiente para combatê-los.