A União Européia pode enviar tropas à República Democrática do Congo como um último recurso se as forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) necessitaram de um reforço e se os esforços diplomáticos para aplacar a crise falharem, disse o encarregado das Relações Exteriores do Reino Unido para África, Ásia e a ONU, Mark Malloch-Brown, em entrevista à Rádio BBC neste sábado (01/11), segundo a Reuters.
Malloch-Brown disse que a UE não iria apenas "assistir a erupção da violência", em suas palavras.
"Nós certamente temos de ter isto como uma opção se nós precisarmos. Mas francamente, a a primeira ação deve ser o remanejamento das próprias forças da ONU de outros locais no país", disse Malloch-Brown.
"Eles devem chegar lá muito mais rápido. Eles já estão equipados e familiarizados com a situação e tem o apoio logístico", afirmou ainda o ministro britânico.
"Nós estamos fazendo o plano de contingência se isto se tornar necessário, mas não é nossa prioridade neste momento. A prioridade é conseguir uma solução política", disse Malloch-Brown.
A União Européia informou que ajudará centenas de civis deslocados no leste do Congo, onde ofensivas de rebeldes Tutsi elevaram o temor de uma guerra próxima à fronteira com Ruanda.
O conflito
Cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas da Província de Kivu do Norte, na fronteira com Ruanda, em cerca de dois anos de violência que persistiu após o fim da guerra de 1998 que durou até 2003 na antiga ex-colônia belga.
O conflito no Congo é abastecido pelas tensões étnicas que se seguiram ao genocídio de Ruanda em 1994 e as diversas guerras civis congolesas. O líder rebelde Laurent Nkunda clama que o governo não protege a etnia Tutsi das milícias Hutu que se refugiaram no Congo.
A situação em Kivu do Norte vem se degradando, mas já é grave há algum tempo, com a denúncia de abusos cometidos contra a população. Os sucessivos deslocamentos criam também obstáculos para as equipes médicas que trabalham na região.
Missão diplomática
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Miliband, e o da França, Bernard Kouchner, chegaram neste sábado a Kinshasa, onde devem se reunir com o presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila.
Ambos devem pressionar os líderes congoleses e ruandeses para a seriedade da situação no leste da República Democrática do Congo e para a necessidade do enjamento urgente para encontrar uma situação para o problema, afirmou uma fonte diplomática britânica à Associated Press.
Após a reunião com Kabila, os ministros seguem para Goma, a capital de Kivu do Norte, e a Kigali, em Ruanda, para falar sobre a situação de segurança no leste congolês com o presidente da Ruanda, Paul Kagame.
Os ministros visitam a África central após as missões do comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Louis Michel, e de Jendayi Frazer, subsecretária norte-americana para Assuntos Africanos.