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Muçulmanos protestam contra decisão de Israel de construir museu em cemitério

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JERUSALÉM - As autoridades muçulmanas expressaram nesta quinta-feira (30/10) indignação com uma sentença do Tribunal Supremo de Israel que autoriza a construção de um museu no prédio de um antigo cemitério muçulmano do setor oeste de Jerusalém. O xeque Mohammad Hussein, mufti de Jerusalém, denunciou em comunicado a "grave decisão" da justiça israelense, "que atenta contra os lugares santos do Islã". O líder religioso chama a atenção para o fato de que o local escolhido para construir um denominado "Museu da Tolerância" seja "um ato de agressão". O Tribunal Supremo de Israel, que em 2006 havia ordenado paralisar as obras, negou nesta quarta-feira um recurso apresentado por entidades muçulmanas para impedir sua retomada. O museu, que deve ser projetado pelo arquiteto americano Frank O. Gehry, que construiu o Guggenheim de Bilbao (Espanha), se propõe a "promover a tolerância entre os povos". "É uma sentença injusta do Tribunal Supremo. Conclamamos todos os árabes de Jerusalém e os descendentes dos mortos a continuarem o recolhimento ante suas tumbas. Vamos agir para que o mundo árabe e muçulmano façam pressão e obriguem Israel a deter esse projeto", disse o xeque Raed Salah, líder do Movimento Islâmico de Israel, que luta pela preservação dos lugares santos muçulmanos de Jerusalém. Nas escavações realizadas há alguns anos pelo departamento israelense de antigüidades, cerca de 200 esqueletos foram retirados do prédio destinado ao museu. O gigantesco projeto, de 21.600 metros quadrados - denominado "Centro pela Dignidade Humana - Museu da Tolerância"- deve ser erguido no moderno centro do setor ocidental de Jerusalém. A construção, de 150 milhões de dólares, será financiada pelo Centro Simon Wiesenthal, que também se encarregou de uma obra com o mesmo nome em Los Angeles (EUA). Túmulos existentes no local datam de muitos sécuols.