MOGADÍSCIO - Cinco atentados com carros-bomba contra edifícios públicos e instalações da ONU em duas regiões da Somália nesta quarta-feira (29/10) deixaram 25 mortos, segundo um balanço parcial, e mergulharam no caos este país do chifre da África, cenário de uma crescente rebelião liderada por radicais islamitas.
Em Somaliland, uma república autoproclamada do norte da Somália, três atentados foram cometidos na cidade principal, Hargeisa. Os alvos foram o palácio presidencial, os escritórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a embaixada da Etiópia.
A polícia informou a morte de 19 pessoas, além dos três suicidas. "Contamos 19 mortos nos ataques, incluindo o secretário do palácio (presidencial)", disse um policial.
Em Bosaso, capital econômica de Puntland, região semiautônoma do nordeste da Somália, seis agentes dos serviços de inteligência morreram em dois atentados, anunciou o presidente da região, Mohamud Musa Hirsi Adde. Dois carros-bomba atingiram dois edifícios dos serviços de luta antiterrorista.
A ONU confirmou em um comunicado divulgado em Genebra o ataque contra o PNUD em Somaliland e que várias pessoas morreram e ficaram feridas, mas sem precisar um número. Somaliland, antiga colônia britânica, fez uma secessão da Somália em maio de 1991, cinco meses depois da queda do presidente somali Mohamed Siad Barre.
A queda de Barre iniciou uma guerra civil na Somália, que desde 2006 se transformou em disputa entre os islamitas e o governo, apoiado pelo Exército da Etiópia e o Ocidente. Com instituições representativas, um Exército, uma administração e uma moeda própria, Somaliland estava até agora relativamente a salvo da violência que sacode o restante da Somália.
O serviço secreto de Puntland recebeu financiamento ocidental para suas operações antiterroristas, desde que em 2006 os islamitas se tornaram fortes no sul e o centro da Somália. Os atentados, cometidos por suicidas de maneira praticamente simultânea em Hargeisa e Bosaso, ainda não haviam sido reivindicados.
Os ataques coincidem com as discussões em Nairóbi dos países membros da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, que reúne sete Estados da África do Leste, sobre a maneira de tirar a Somália do caos político após 17 anos de guerra civil.