O presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, fixou nesta quinta-feira (09/10) a data das próximas eleições legislativas para 7 de dezembro, depois de ter dissolvido o parlamento na véspera, mergulhando assim o país em uma nova crise. O decreto presidencial foi publicado no site da presidência ucraniana.
Na véspera, Yushchenko, anunciou a dissolução do Parlamento, em seguida à ruptura da coalizão governamental pró-ocidental em setembro. "Em conformidade com a Constituição ucraniana, interrompo os poderes do Parlamento e anuncio eleições parlamentares", disse Yushchenko em mensagem transmitida pela televisão.
A coalizão governamental foi quebrada em setembro, quando Yushchenko abandonou o partido em protesto contra a decisão da primeira-ministra, Yulia Timoshenko, de apoiar uma tentativa da oposição pró-russa de reduzir os poderes presidenciais. Yulia Timoshenko, aliada do presidente durante a "Revolução Laranja" pró-democrática de 2004, tornou-se agora sua grande rival.
"Estou profundamente convencido de que a coalizão democrática foi arruinada pelas ambições (...) de uma só pessoa, sua avidez de poder (...) e o predomínio dos interesses pessoais sobre os da nação", disse Yushchenko em referência a sua primeira-ministra. As diferenças entre ambos se exacerbaram em seguida ao conflito russo-georgiano de agosto.
O chefe de Estado ucraniano apoiou a Geórgia, enquanto Timoshenko permaneceu neutra, posição que lhe valeu a acusação do presidente Yushchenko de "alta traição" em favor da Rússia. Yushchenko e Timoshenko mantêm relação de amor e ódio desde 2004, quando se uniram durante a "Revolução Laranja".
Timoshenko também se perfila como perigosa rival para Yushchenko nas presidenciais previstas para o final de 2009 ou princípio de 2010. As legislativas de dezembro também poderiam ter impacto nos esforços da Ucrânia para se integrar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma iniciativa imopulsionada pelo presidente Yushchenko apesar da firme oposição da Rússia.