Vislumbrando aumentar o fluxo de turistas entre os dois países, o governo norte-americano realiza, desde setembro, um mutirão para emissão de vistos na embaixada e nos três consulados dos Estados Unidos no Brasil. A intenção é diminuir consideravelmente o tempo de espera para a entrevista e atender mais pessoas por dia. Nos últimos 10 meses, o período de espera em todo o país já caiu de 100 dias, em média, para cerca de 50 dias. Espera-se que, até o fim do ano, sejam marcadas mais de 3,5 mil entrevistas diárias ; mais do que o triplo registrado em 2005.
O embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, expressou ainda a intenção de estender a validade do visto de turismo e negócios de cinco para 10 anos, como já era permitido antes de 2001. A medida está sendo discutida com o governo brasileiro e será tomada em reciprocidade ; se o Brasil permitir o prolongamento do visto para norte-americanos, isso será adotado por Washington em relação aos brasileiros. ;Queremos criar ligações mais estreitas entre os nossos países. E esperar mais de 100 dias para conseguir um visto torna muito difícil a decisão de escolher os Estados Unidos como destino de viagem;, afirmou Sobel.
Em Brasília, já é possível conseguir um agendamento em até nove dias, como registrava o site da embaixada americana na tarde de ontem. Em Recife, a média de espera é de dois dias. O maior desafio será diminuir o tempo em São Paulo, onde os solicitantes esperam até 56 dias para fazer a entrevista. Para agilizar o processo, US$ 7 milhões serão investidos na contratação de novos funcionários em todo o país. Em setembro, seis oficiais consulares foram deslocados de outras partes do mundo para o Brasil, onde ficarão por três meses. Nesse período, outros funcionários da própria embaixada foram realocados para ajudar na emissão dos vistos. Até o fim de 2009, as quatro seções consulares no Brasil receberão 13 funcionários permanentes. Um esforço parecido foi feito recentemente na China, país que mais envia turistas para o território americano, seguido de México, Índia e Brasil.
O investimento do governo americano ocorre no mesmo momento em que há um crescente interesse das companhias aéreas dos EUA em criar novos vôos para o Brasil. No início de novembro, Sobel participará da primeira viagem da companhia American Airlines entre Miami, Recife e Salvador, acompanhado dos governadores Jacques Wagner (BA), Eduardo Campos (PE) e Marcelo Déda (SE). Além dos dois novos destinos no Nordeste, Belo Horizonte ganhará em novembro um vôo direto para Miami, pela mesma empresa, e Manaus terá uma ;ponte; com Atlanta (Geórgia) pela Delta Airlines a partir de dezembro.
Os esforços do serviço consular, no entanto, ainda não conseguirão acabar com os transtornos enfrentados por quem mora longe dos postos consulares. O representante de companhia aérea Geraldo de Vasconcelos, 60 anos, que mora em Manaus, poderia até mesmo viajar em um vôo direto de sua cidade para os EUA, mas precisou se deslocar a Brasília para obter seu visto e o de mais dois familiares. ;É muito difícil para quem mora na Região Norte. Temos de vir a Brasília ou Recife e voltar no mesmo dia;, conta Vasconcelos, que estima um gasto de R$ 1,4 mil por pessoa só para tirar o visto em outra cidade. O embaixador americano afirmou que, a longo prazo, uma das metas é aumentar o número de postos consulares no país. ;O problema é que o Brasil é muito grande, e, por enquanto, o que podemos fazer é facilitar a emissão de vistos com o mutirão;, justificou.