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Justiça americana pede libertação de 17 chineses de Guantánamo

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O juiz federal norte-americano, Ricardo Urbina, ordenou nesta terça-feira que a administração George W. Bush liberte 17 chineses detidos na prisão da base naval dos Estados Unidos da baía de Guantánamo, em Cuba. Foi a primeira vez que um juiz dos EUA ordenou ao governo que liberte detidos em Guantánamo, onde o país guardam os suspeitos de terrorismo. Segundo Urbina, os chineses devem ser libertados nos EUA. Todos concordam que os chineses, que são islâmicos da etnia uigur, não são terroristas. A Casa Branca deverá recorrer. "A sentença de hoje representa risco à segurança nacional e levanta questões sem precedentes", disse o Departamento de Justiça, em comunicado. O caso pode ser um presságio do final de anos de disputa entre a administração Bush e tribunais norte-americanos sobre quem deve decidir o destino dos detidos em Guantánamo, capturados em operações contra o terrorismo. Muitos dos uigures em questão afirmam ter deixado sua terra natal, a província chinesa de Xinjiang, em busca de melhores condições de vida no Afeganistão, quando a cidade de Jalalabad foi atingida por bombardeios norte-americanos. Eles então fugiram para o Paquistão, onde um deles foi capturado por líderes tribais que o venderam aos militares norte-americanos, afirma Sabin Willett, advogada do homem. Normalmente, os presos que são limpos das acusações em Guantánamo costumam ser deportados aos países de origem. Os uigures não podem ser entregues ao governo chinês, porque teme-se que eles sejam torturados. Pessoas do grupo étnico, majoritário na província de Xinjiang, integram uma rebelião contra Pequim. Na decisão de hoje, Urbina disse que os uigures não podem permanecer mais tempo na prisão, por causa da inabilidade de Washington em encontrar um país que os receba. Segundo sua decisão, eles serão abrigados temporariamente em um abrigo para pessoas da comunidade uigur na capital norte-americana. A secretária de imprensa da Casa Branca, Dana Perino, disse que a administração está "profundamente preocupada", porque a decisão pode abrir um precedente para que mais detentos em Guantánamo sejam libertados nos EUA. Ela disse que Washington continuará a trabalhar para encontrar um país que receba os 17 uigures. As informações são da Dow Jones.