SANTIAGO - Pelo menos seis milhões de pessoas a mais passaram fome na América Latina e no Caribe em 2007, aumentando para 51 milhões o número de pessoas na região que não têm o que comer, informou nesta terça-feira (7) a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
Segundo o organismo, o aumento do total de pessoas com fome na região se deve "aos altos preços dos alimentos e combustíveis", o que continua "aumentando as taxas de inflação, com um impacto negativo sobre o bem-estar da população".
Os 51 milhões de latino-americanos e caribenhos que passaram fome em 2007 representam um retrocesso em relação aos avanços alcançados entre 1990 e 2005, período em que a população desnutrida na região caiu de 53 para 45 milhões de pessoas, de acordo com dados da FAO.
"O problema não é o fato de não termos avançado, e sim perceber que não conseguimos manter os avanços. Perdemos praticamente 15 anos de esforços em apenas dois anos de alta dos preços", lamentou o representante regional da FAO, José Graziano da Silva.
O organismo informou que os países mais dependentes das importações são os mais vulneráveis ao aumento dos preços. Com exceção de Argentina, Paraguai e Uruguai, todas as nações da região apresentaram um déficit na balança de cereais, problema mais acentuado na América Central e no Caribe.
A FAO recomendou aos países "articular políticas de emergência, como, por exemplo, as de assistência alimentar, montar uma rede de proteção social e fomento à produção de alimentos da agricultura familiar e, principalmente, a necessidade de retomar a Rodada de Doha".
Apesar desses números, a expectativa para a produção de cereais na região é positiva e calcula-se que terá um crescimento de 5,7% em 2008, o dobro da taxa de produção mundial, chegando a 189 milhões de toneladas.