BANGCOC - O Exército da Tailândia recebeu ordens para sufocar os protestos contra o governo em Bangcoc, depois que os confrontos entre polícia e manifestantes deixaram dois mortos e mais de 270 feridos nesta terça-feira (07/10) ao redor do Parlamento.
Cenas de caos ocorreram nas imediações da sede parlamentar, depois que a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo nos manifestantes. As pessoas saíram em disparada, enquanto alguns tentavam virar os carros da polícia.
Oito policiais foram feridos a tiros ou facadas, segundo testemunhas, em distúrbios após meses de manifestações para provocar a queda do governo eleito, ligado ao derrubado primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que vive exilado na Grã-Bretanha.
Um homem morreu na explosão de um carro-bomba perto do local dos protestos, informou a polícia, que não confirmou se o incidente estava vinculado às manifestações. Um hospital também informou a morte de uma manifestante.
"A polícia pediu nossa ajuda para manter a lei", afirmou o porta-voz do Exército, coronel Sunsern Kaewkumnerd, sem especificar o número de soldados mobilizados. "As tropas enviadas estão desarmadas", disse.
O primeiro-ministro Somchai Wongsawat - que está a apenas três semanas no cargo - disse que não pretende renunciar nem decretar estado de exceção. "Não, não estou considerando isso em absoluto", afirmou Somchai à imprensa ao ser questionado se pensava em impor um decreto ao reino para acabar com vários meses de protestos.
Somchai disse que a polícia seguirá a cargo da segurança na capital e insistiu que não renunciará ao cargo. "Continuarei com meu trabalho", assegurou.
Fontes médicas afirmaram que 21 pessoas ficaram gravemente feridas quando os manifestantes tentaram impedir que Somchai pronunciasse seu primeiro discurso no Parlamento.
O discurso foi feito, mas a sessão acabou antes do previsto porque o Parlamento estava cercado por opositores furiosos, o que obrigou o premiê e cinco colaboradores a fugirem pulando uma cerca.
Mais tarde, a polícia entrou em ação pela terceira vez para dispersar 8.000 manifestantes, o que permitiu a saída dos políticos do Parlamento.
O conflito teve início no fim de maio com o início de uma campanha para derrubar o governo iderada pela Aliança Popular para a Democracia (APD), uma coalizão que reúne monarquistas e sindicalistas que ocupa a sede de governo de Bangcoc desde 26 de agosto.
A APD afirma que prosseguirá com os protestos enquanto permanecer no poder o Partido do Poder do Povo (PPP), dominado pelos aliados do milionário Thaksin Shinawatra, que governou a Tailândia de 2001 a 2006, até que foi derrubado por um golpe militar.
O novo primeiro-ministro, Somchai Wongsawat, cunhado de Thaksin, foi eleito pelo Parlamento em 17 de setembro, em substituição a Samak Sundaravej, forçado a renunciar pelas manifestações da APD e por uma decisão do Tribunal Constitucional.