Grupos radicais de direita da Unión Juvenil Cruceñista (UJC), braço de choque do comitê civil da província boliviana de Santa Cruz, atacaram um ex-ministro do governo do presidente Evo Morales, que denunciou a ação neste domingo (05/10).
"O que eles queriam era me matar. A justificativa era que eu tinha uma arma, mas eu nunca usei uma arma na minha vida", disse o empresário Salvador Ric, que ocupou o cargo de ministro de Serviços e Obras Públicas durante o primeiro ano do mandato de Morales, entre 2006 e 2007.
Segundo o ex-ministro, a ação do grupo juvenil - que já saqueou e incendiou escritórios públicos, invadiu pedágios e aeroportos e atacou camponeses desarmados - foi apoiada por membros do comitê cívico de Santa Cruz, região onde se concentra a oposição a Morales.
"No momento em que eu saía (de um restaurante), um senhor (Carlos) Soruco, que foi vice-ministro do Interior no governo de Hugo Banzer (ex-ditador e depois presidente constitucional de direita) me agrediu fisicamente e eu me defendi", contou Ric, que em seguida foi atacado a socos e chutes por membros da UJC.
O ataque a Ric, na noite da última sexta-feira, foi amplamente divulgado na imprensa boliviana. O violento episódio se seguiu a outro, também em Santa Cruz, quando o comandante das Forças Armadas foi insultado e vaiado em um local público.
"Tenho sérias dúvidas de que aceitem em Santa Cruz as mudanças (constitucionais propostas por Morales), não sei de que maneira aceitarão que os morenos são tão bolivianos quanto os brancos (...). Há muito ódio, racismo, e os meios de comunicação distorcem tudo", lamentou Ric.