A participação pode atingir um nível recorde na eleição presidencial dos Estados Unidos no dia 4 de novembro, estimulada pela popularidade do candidato democrata Barack Obama entre os eleitores que nunca votaram.
Nos últimos 30 anos, a taxa de participação nas eleições presidenciais oscilou entre 54% e 63% e a estratégia dos grandes partidos, democrata e republicano, consistiu tradicionalmente em motivar seus simpatizantes a comparecer às urnas, ao mesmo tempo que tentavam ganhar votos suficientes de eleitores independentes para inclinar a balança a seu favor.
Porém, desta vez Barack Obama, apoiado por uma equipe de campanha muito atuante, convenceu centenas de milhares de pessoas a se registrarem nas listas eleitorais.
"O objetivo é menos convencer a oposição do que ganhar em quantidade", resume Doug Chapin, especialista em eleições do centro de pesquisas Pew, que espera uma participação de 80% ou até 90% em alguns estados.
"Esta participação excepcional vai mudar a composição do eleitorado", prevê.
Um exemplo é o estado da Virginia (leste), que vota tradicionalmente nos republicanos. No entanto, os representantes da campanha democrata registraram na localidade 250 mil novos eleitores, o que dá ao partido a liderança nas pesquisas.
Deste modo, a Virginia se tornou um estado que pode modificar o resultado das eleições.
Falta saber se estes novos registrados votarão efetivamente em Obama no dia 4 de novembro.
"Nas eleições anteriores, se viu que uma coisa era registrar o nome e outra realmente se deslocar no dia das eleições", comenta Chris Dreibelbis do centro de reflexão Reform Institute.
Obama se beneficia de um contexto que deve incitar os cidadãos passivos a votar, segundo Dreibelbis. No total, 75% dos americanos, de acordo com as pesquisas, consideram que o país está no caminho equivocado: comprometido com guerras caras e impopulares, além de enfrentar uma grave crise econômica importante.
Também se trata de uma eleição histórica: se Obama for eleito, será o primeiro negro a comandar os Estados Unidos, e se John McCain vencer, sua candidata a vice, Sarah Palin, será a primeira mulher a chegar a Casa Branca.
McCain conseguiu motivar o Partido Republicano ao escolher Palin, que defende posturas ultraconservadoras.
"Porém, Palin é ao mesmo tempo uma benção e uma maldição para McCain", afirma Steffan Schmidt, professor de Ciências Políticas na Universidad de Iowa.
"Cristãos e conservadores (republicanos) se apaixonam agora por esta chapa, mas não são suficientemente numerosos. A maneira de conseguir votos é captando um número suficiente de eleitores independentes, e McCain comprometeu o apoio que pode obter deles".
Dos 300 milhões de americanos se espera uma participação recorde de pelo menos 130 milhões este ano, contra 126 milhões em 2004 (63,8%) e 111 milhões em 2000 (59,5%).