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Nestlé questiona retirada de venda de alguns de seus produtos em Taiwan

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GENEBRA - O grupo suíço Nestlé indicou nesta quinta-feira (02/10) que não consegue compreender a decisão das autoridades de Taiwan de retirar de venda alguns de seus produtos lácteos, uma vez que o ministério da Saúde desse país afirmou que o consumo dos mesmos não representava perigo para a saúde. O ministro da Saúde de Taiwan, Yeh Ching-chuan, informou sobre a proibição da venda dos produtos da Nestlé após a descoberta de que continham resíduos de melamina, embora a quantidade fosse mínima. "Os produtos acusaram positivo com níveis muito reduzidos de melamina e foram retirados das prateleiras", anunciou o ministro. Os seis produtos afetados, fabricados pela Shuangcheng Nestlé Co, com sede em Heilongjiang e vendidos pelas marcas Nestlé e Klim, incluem leite infantil e laticínios para idosos, de acordo com o ministério. No entanto, o ministério informou ao público que os pequenos níveis de melamina encontrados nos produtos não representam risco para a saúde. A Nestlé Taiwán imediatamente afirmou que não adiciona melamina a seus produtos e atribuiu os resíduos encontrados aos que existem no meio ambiente. Em função disso, a Nestlé mundial emitiu uma nota afirmando não entender a decisão de retirada de venda, uma vez que "o próprio ministério da Saúde de Taiwan confirmou que esses produtos não representavam perigo, segundo as normas internacionais". O índice de melamina encontrado nos produtos em questão é "tão ínfimo que existe certamente em todos os produtos alimentícios do mundo", enfatiza o grupo. A Nestlé destaca que o índice de melamina aceitado pelas autoridades de Taiwan é 50 vezes inferior à norma internacional e que nenhum de seus produtos lácteos fabricados na China foi contaminado pela substância. Apesar disso, Hong Kong e Indonésia também retiraram alguns produtos da Nestlé. Hong Kong o fez devido a "resíduos" descobertos em um lote de leite "Dairy Farm UHT Pure Milk" e a Indonésia por medida de precaução antes de realizar testes. Na véspera, o governo da China anunciou, ao fim de uma investigação nacional, ter detectado a presença de melamina 31 produtos a base de leite em pó, ou seja quase 12% dos 265 produtos investigados. Muito antes de a crise eclodir, em meados de setembro, jornalistas chineses tentaram sem sucesso investigar os casos de bebês hospitalizados com misteriosos problemas renais, segundo diversos testemunhos da imprensa e de organizações não-governamentais. Segundo uma denúncia da imprensa, as autoridades chinesas foram informadas há várias semanas sobre o leite adulterado, mas resolveram acobertar o escândalo por causa da realização dos Olímpicos. O número de crianças doentes na China disparou em poucos dias, chegando a 53 mil. Quatro bebês morreram. A primeira morte havia ocorrido no dia 1o de maio. Segundo a agência responsável pelo controle de qualidade, os produtos procedem de 20 empresas. Um total de 154 fabricantes foram investigados, o que representa 70% do mercado chinês de leite em pó. A melamina é uma substância tóxica utilizada na fabricação de colas e resinas. Quatro bebês morreram e mais de 50 mil crianças tiveram problemas reinas após ingerir a substância. A adição deste produto químico faz com que o percentual de proteínas do leite pareça mais elevado e oculta a adição de água na bebida.