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EUA assistem a debate arriscado para candidatos à vice-presidência

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SAINT LOUIS - A candidata republicana à vice-presidência americana, Sarah Palin, passará nesta quinta-feira (02/10) pelo seu grande teste no único debate televisivo com seu adversário democrata, o experiente Joe Biden, num momento em que crescem as dúvidas sobre sua capacidade para governar, inclusive dentro de seu próprio partido. Joe Biden, pilar do cenário político americano há 40 anos e presidente da poderosa comissão de Relações Exteriores do Senado, também enfrenta um desafio importante e deve a todo custo evitar erros, como as gafes pelas quais é conhecido. Em relação a um dos mais esperados duelos dessa campanha, os analistas concordam em pelo menos dois pontos: é difícil antecipar tanto o vencedor quanto o impacto que terá no resultado das eleições de novembro. A personalidade de Palin, belicosa governadora do Alasca e ex-ganhadora de um concurso de beleza, com suas declarações que desconcertam o "establishment" político e midiático, transformou o debate de amanhã contra o experiente senador por Delaware em uma espécie de "reality show" com expectativa de alta audiência. "Ele tem uma tremenda quantidade de experiência, e eu sou a nova energia, a cara nova, as idéias novas", disse Palin, na terça, ao canal CBS. Em entrevistas anteriores, porém, Palin, de 44 anos, mostrou-se incapaz de explicar os efeitos do pacote de resgate financeiro discutido no Congresso, ou de definir a "Doutrina Bush", base da Política Externa do atual governo. Adversária do aborto e mãe de 5 filhos, Palin adora as armas de fogo e, desde a adolescência, é conhecida como "Sarah Barracuda", por sua combatividade nas partidas de basquete. Com mais de três décadas de experiência no Senado, Biden deverá cuidar mais da forma do que do conteúdo, evitando parecer condescendente com uma mulher que, em debates anteriores no Alasca, pelo menos 20, mostrou ser uma temível rival. Palin pode ser encantadora, mas sem papas na língua, e qualquer palavra a mais do senador pode dar abertura para um nocaute dessa mulher admirada em muitos dos rincões da chamada América profunda. Uma situação desse tipo aconteceu em 1984, quando o então vice-presidente George Bush (pai) foi acusado em pleno debate de querer dar lições de Política Externa a Geraldine Ferraro, seu adversário democrata. Apesar de Biden, de 65 anos, já ter enfrentado a ex-pré-candidata democrata Hillary Clinton 12 vezes em debates e de a confrontação homem-mulher ter se tornado um fato cotidiano da política, a personalidade especial de Palin torna o embate imprevisível. "É uma candidata atraente com um talento excepcional para estabelecer um contato emocional com o auditório, mesmo que ela esvazie as questões com slogans usados à exaustão", disse o ex-governador do Alasca, Tony Knowles. Palin se retirou durante toda a semana para o rancho do candidato republicano John McCain, no Arizona, onde treina intensamente com os melhores estrategistas da equipe que deu duas vezes a vitória a um inepto George W. Bush. Enquanto isso, Biden faz a mesma coisa em sua casa de Wilmington (Delaware), com os assessores de campanha do candidato democrata Barack Obama e uma mulher, a governadora de Michigan, Jennifer Granholm, que faz as vezes de "sparring". Mesmo com sua vasta experiência, Biden mostrou, ao longo de sua carreira, que, eventualmente, pode falar demais. No ano passado, em um debate nas primárias, chegaram a lhe perguntar se ele se considerava capaz de controlar sua verborragia, característica que ele define como franqueza. "Sim", respondeu, de forma lacônica, levando o público à risada. Meses depois, porém, após ser designado companheiro de chapa de Obama, Biden voltou aos velhos hábitos, comentando, por exemplo, que Hillary teria sido melhor candidata a vice do que ele mesmo. Toda a dificuldade de Biden será expor os pontos fracos de sua rival, sem deixar de ser cortês e, para Palin, o desafio será continuar exercendo seu carisma popular, sem mostrar inexperiência. Tradicionalmente, os debates dos candidatos a vice têm impacto limitado, ou nulo, no resultado eleitoral, mas não se pode descartar que o de amanhã, em Saint-Louis (Missouri), estabeleça um novo padrão.