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Caso Jean Charles: polícia estava nervosa sobre novos ataques em Londres

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LONDRES - A polícia temia um ataque iminente em Londres e em outras cidades britânicas depois dos atentados fracassados de 21 de julho de 2005, declarou nesta quarta-feira (1º/10) um oficial da Scotland Yard para explicar o nervosismo que imperava no dia em que os policiais britânicos mataram o brasileiro Jean Charles de Menezes. No oitavo dia do inquérito público sobre a morte do eletricista mineiro, morto ao ser confundido com um terrorista, o detetive Jon Boutcher admitiu que o ambiente no controle da Scotland Yard, de onde dirigiu a operação que acabou na morte do brasileiro, "era caótico". Havia muitos policiais extras e comunicações de rádio confusas, admitiu Boutcher, destacando que o medo de outros atentados era tão grande que o comando antiterrorista da Scotland Yard colocou em alerta as unidades do Exército. Boutcher explicou à corte que foi designado pelos superiores como responsável pela operação de identificar e encontrar as pessoas que cometeram os ataques fracassados de 21 de julho, ocorridos duas semanas depois dos atentados de 7 de julho em Londres, quando 52 civis morreram. "Meu temor era que os terroristas podiam ter escapado e voltariam a atacar Londres", declarou o inspetor ao júri de 11 pessoas, que deverão decidir se a morte do brasileiro de 27 anos foi homicídio. Se isso for decidido, os policiais envolvidos, até então isentos de culpa, poderão ser processados. "Eu estava consciente, depois dos atentados de 7 de julho, que existia uma fábrica de explosivos com material suficiente para fabricar novas bombas", acrescentou Boutcher, insistindo no clima de nervosismo que envolvia seus comandados e que acabou levando à morte do suspeito inocente. Sessenta e cinco policiais prestarão depoimento neste inquérito sobre a morte de Jean Charles, dos quais 49 o farão em anonimato, separados da imprensa e do público por uma grande tela que divide a sala da corte.