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Evo Morales se reúne em separado com governadores rebeldes

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La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, preferiu se reunir de maneira individual e reservada com quatro governadores da oposição, em busca de um acordo que permita encerrar a crise política, enquanto se arrasta, há duas semanas, o diálogo técnico entre oposição e governo. No domingo, Morales recebeu, na casa presidencial de La Paz, o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, considerado líder mais visível da oposição e, nesta segunda-feira (29/09), fez o mesmo com o de Tarija, Mario Cossío. Evo Morales também deve se reunir com o governador de Beni, Ernesto Suárez, e a titular de Chuquisaca, a indígena quechua Savina Cuéllar, em inéditos encontros privados em quase três anos de gestão presidencial. Sem dar detalhes das reuniões com seus desafetos, Morales considerou que elas podem ser o caminho para "chegar a um entendimento entre autoridades legal e legitimamente eleitas pelo povo boliviano". Se, por um lado, as reuniões privadas são vistas como uma nova chance para se conseguir a paz, por outro, deflagraram uma polêmica entre os setores mais radicais da oposição, que desconfiam de sua eficácia. "O que preocupa é o discurso duplo: um dia ameaça (o Congresso) com um cerco e, depois, abre espaços de diálogo", criticou o presidente da Câmara de Senadores, o opositor Oscar Ortiz. Já os governistas, como o deputado Antonio Peredo, defendem que "o presidente está buscando a melhor maneira de encontrar um caminho para o diálogo". Segundo Morales, os encontros não estão voltados apenas para o tema político, mas para o desenvolvimento regional, o que o governador de Santa Cruz reconheceu. "O presidente pode convocar qualquer um dos governadores (...) dialogar não faz mal a ninguém", disse Costas ao jornal "Nuevo Día". O governador de Tarija negou que as reuniões em separado sejam uma nova estratégia do Governo e que tenham o objetivo de romper a unidade do bloco opositor, assentado em cinco dos nove departamentos. "O fato é que se tenha uma reunião com avanços. Isso quer dizer que a vontade está viva. Em Cochabamba, as comissões continuam trabalhando sem parar e nós estabelecemos um prazo, no qual vamos pôr todo nosso empenho para cumprir. Estamos indo na direção certa", declarou Cossío, após a reunião com Morales.