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Itália aplica duro golpe contra máfia napolitana após matança de africanos

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Roma - Mais de cem supostos membros da máfia napolitana foram presos nesta terça-feira (30/09) em Nápoles (sul), vários deles suspeitos de participação na matança de Castel Volturno, no último dia 18 de setembro, que terminou com a morte de seis africanos, anunciou a polícia italiana. "A guerra contra a Camorra vai continuar, seguiremos pressionando até vencer. Esta foi a primeira resposta à guerra declarada contra o Estado", disse satisfeito o ministro do Interior, Roberto Maroni. Em uma série de operações realizadas na periferia de Nápoles contra a organização criminosa - em particular contra o temido clã dos Casalesi, acusado de ter organizado a brutal matança dos africanos -, a polícia executou 107 ordens de captura e apreendeu bens no valor de 100 milhões de euros. "Foi uma das operações mais brilhantes e importantes realizadas em conjunto por todos os setores da polícia", afirmou o comandante da Guarda de Finanças, Cosimo D'Arrigo. Das ordens de captura, 70 foram aplicadas contra pessoas que já estavam detidas. Foram presos vários 'chefões' de zonas e autores de crimes ligados às atividades da máfia napolitana, principalmente o tráfico de drogas, a prostituição e a extorsão. "O valor das instituições e da legalidade foi confirmado", escreveu em uma mensagem o presidente da República, Giorgio Napolitano, elogiando a operação. O bando do terror, como ficou conhecido o clã Casalesi, que com a matança dos africanos quis impor sua supremacia na região, foi sofreu um duro golpe com a ação da polícia. Segundo o jornal La Repubblica, o único que ainda se encontra em liberdade é o chefe do bando, Giuseppe Setola, sobre quem pesa uma medida de detenção da polícia antimáfia e cujo império econômico foi bloqueado. Mais de dez milhões de euros foram confiscados, entre apartamentos, construtoras e lojas. Entre os presos estão dois líderes históricos do clã, Antonio Iovine e Michele Zagaria. De acordo com o chefe da polícia italiana Antonio Manganelli, entre os expoentes do bando que ainda estão livres há cinco bandidos que se escondem com explosivos, pistolas e fuzis Kalashnikov. Também foi detida Giuseppina Nappa, de 48 anos, esposa do chefe do clã Casalesi Francesco "Sandokan" Schiavone, de 55 anos de idade, preso desde 1998 e condenado à prisão perpétua. Nappa é acusada de administrar o dinheiro que o clã distribuía aos aliados dos mafiosos presos. O ministro da Defesa, Ignazio La Russa, anunciou que forças de pára-quedistas terão, a partir da próxima quarta-feira, dois postos de controle para vigiar Castel Volturno. Este é o primeiro grupo de 500 soldados que começará a operar a partir do dia 4 de outubro na região da Campagna para combater a máfia napolitana, popularmente conhecida como a Camorra. "Os soldados sabem que não será um passieo. Não existe tarefa fácil, mas eles foram bem treinados", garantiu o ministro. Além dos militares, o governo conservador de Silvio Berlusconi destacou 400 agentes, entre policiais e carabineiros, que chegaram na semana passada à região de Nápoles para reforçar a segurança. A guerra iniciada pelo clã dos Casalesi, bando mais violento da mádia napolitana, contra os imigrantes africanos que residem na região, preocupa as autoridades italianas, que reagiram com firmeza.