A incerteza sobre a participação de John McCain no debate entre os candidatos à Casa Branca só fez aumentar a expectativa sobre o que ele e o adversário, Barack Obama, tinham a dizer. Às 22h (horário de Brasília) esta sexta-feira (26/09), os dois presidenciáveis entraram no auditório da Universidade do Mississippi dispostos a conquistar principalmente os eleitores indecisos. Política externa e segurança seriam os temas, mas a crise econômica dominou a primeira meia hora.
No restante do debate, Obama e McCain reiteraram as divergências sobre a necessidade de os Estados Unidos terem ido à guerra no Iraque, como parte do combate ao terrorismo. Também divergiram sobre como agir em relação ao Afeganistão, à Rússia e ao Irã.
O republicano, que pareceu inseguro na discussão sobre economia, melhorou o desempenho quando o moderador colocou a política externa em pauta. McCain tentou desqualificar o rival como inexperiente. ;O senador Obama se recusa a entender que estamos vencendo no Iraque;, alfinetou no início do debate sobre o Iraque. Segundo ele, a guerra foi mal gerenciada no começo, mas agora os Estados Unidos teriam encontrado o caminho do sucesso, graças a ;um ótimo general e uma estratégia que deu certo;.
Obama discordou, dizendo que até hoje não entende por que Washington entrou nessa guerra, enquanto a real ameaça estava no Afeganistão. ;Quando chegamos ao Iraque, não havia Al-Qaeda lá. No ano passado, tivemos as piores baixas no Afeganistão desde 2001, a Al-Qaeda continua atravessando as fronteiras do país;, lembrou.
O democrata ainda acusou McCain de ter sido conivente com a justificativa apresentada pelo presidente George W. Bush para invadir o Iraque. ;Quando a guerra começou, você disse que a ia ser rápido e fácil. Disse que sabíamos onde estavam as armas de destruição em massa.;
McCain classificou como ;ingênua; a reação de Obama à invasão russa na Geórgia, ;pedindo aos dois lados que dialogassem;. Na réplica, o democrata destacou a necessidade de os EUA reavaliarem sua aproximação com a Rússia. ;Não se pode ser uma potência do século 21 e agir como uma ditadura do século 20;, disse.
Decisão
McCain, que tinha proposto o adiamento do debate devido às deliberações sobre a crise financeira no Congresso, só decidiu comparecer ao evento na manhã de ontem. Em comunicado à imprensa, a equipe explicou que p candidato decidiu participar do confronto porque estava ;otimists; quanto à possibilidade de um acordo bipartidário sobre o pacote que prevê liberar US$ 700 bilhões do Tesouro para o sistema bancário.
Em um levantamento divulgado ontem pela rede de televisão CNN, 60% dos entrevistados opinaram que Obama se sairia melhor nos três debates previstos, contra 34% que apostaram no republicano. Mas para o cientista político Bert Rockman, da Purdue University, por mais que ambos tenham se esforçado para convencer o espectador, dificilmente um deles será considerado vencedor.
;Se o eleitor considerar que uma postura linear e beligerante é a melhor, certamente vai considerar que McCain foi melhor. Mas se ele acredita que as melhores respostas são as que contêm reflexão e análise, Obama vencerá;, destaca Rockman. ;Entretanto, o desempenho dos candidatos dificilmente fará diferença nas urnas, uma vez que as pessoas mais interessadas em acompanhar o debate já decidiram seu voto;, pondera.
No próximo dia 7, os presidenciáveis voltarão a se encontrar, dessa vez no câmpus da Universidade Belmont, em Nashville (Tennessee), para um debate de temas abertos e com a participação de eleitores, que serão escolhidos pelo Instituto Gallup e poderão fazer perguntas. Em 15 de outubro, o evento será no estado de Nova York, na Universidade Hofstra, e terá como assuntos principais a política interna e a economia. Na próxima semana, será a vez de os candidatos à vice-presidência, o democrata Joe Biden e a republicana Sarah Palin, se enfrentarem na Universidade Washington, em Missouri.