Jornal Correio Braziliense

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Visões opostas sobre a crise

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A primeira parte do debate de ontem na Universidade do Mississippi foi toda dedicada à crise financeira nos Estados Unidos e as propostas dos candidatos para resolver o problema. O republicano John McCain se disse disposto a aprovar o mais rápido possível o pré-acordo fechado no Congresso norte-americano para um pacote de ajuda ao sistema financeiro. Com um ar de resignação, seu adversário, o democrata Barack Obama, também deu a entender que concordará com o plano, mas foi evasivo. ;Ainda não vimos o texto final. Espero que seja construtivo;, resumiu. Visivelmente desconfortável com a dominância do tema nos primeiros 40 minutos do debate, McCain procurou, sem muito sucesso, desestimar a capacidade do democrata para resolver a mais grave turbulência na economia dos Estados Unidos desde 1929. ;Essa é uma diferença fundamental entre eu e o senador Obama. Quero cortar gastos, quero manter os impostos baixos;, afirmou o senador pelo Arizona, se referindo a uma proposta de redução de impostos. McCain disse ainda que seu oponente poderia agravar a situação ao aumentar os gastos do governo em aproximadamente US$ 100 bilhões por meio de novas emendas orçamentárias para projetos prometidos durante a campanha. Obama reiterou o que vem dizendo desde o fim das primárias: esse corte nas taxas beneficiará apenas as grandes empresas ;que levam postos de emprego para fora do país;. Enquanto McCain buscou se distanciar das políticas econômicas do presidente George W. Bush, argumentando que é necessária uma ;limpeza do sistema;, Obama relacionou a campanha do republicano às mesmas decisões tomadas pela Casa Branca nos últimos oito anos. Disse que McCain apoiou os orçamentos propostos por Bush e que o corte de impostos para as grandes corporações ; em vez de famílias de classe média e baixa ; pode tirar dos cofres dinheiro essencial para melhorar o sistema de saúde e a educação no país. O democrata defendeu cortes para a parcela da população que tem rendimentos de até US$ 250 mil por ano (95% do total). Segundo ele, a situação atual é ;culpa é dos oito anos de políticas fracassadas de George W. Bush, que foram apoiadas por John McCain;. Na ofensiva Mais à vontade e partindo para o ataque enquanto o tema da discussão foi a economia norte-americana, o democrata insistiu na relação entre McCain e Bush. ;Foi o seu presidente, com o qual você disse que concordou em 90% das vezes, que apoiou essa orgia nos gastos;, disparou. Logo no começo do evento, em uma de suas primeiras declarações, o republicano admitiu que não se ;sentia bem em relação a várias coisas que ocorreram recentemente;. Obama lembrou ainda que, na semana passada, seu oponente havia dito que a economia norte-americana era ;fundamentalmente forte;. ;Eu apenas discordo;, declarou o senador por Illinois, defendendo um plano de ajuda para mutuários e cortes de impostos para restaurar a prosperidade da classe média. Ambos, no entanto, reiteraram a importância de que o Congresso mantenha o esforço de emergência para aprovar um pacote de ajuda aos bancos cujo valor ainda é debatido entre democratas e republicanos. Esperançoso de que o o pacote saia até o começo da próxima semana, McCain ressaltou o esforço dos dois partidos para chegar a um acordo: ;Esse não é o começo do fim desta crise. É o fim do começo se nós conseguirmos aprovar um pacote que mantenha essas instituições estáveis, e temos muito trabalho a fazer.;