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Furacões devem atrasar cerca de um ano estabilização do Haiti

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Porto Príncipe (Haiti) - Depois dos quatro furacões que atingiram o Haiti, a estabilização do país deve atrasar cerca de um ano, de acordo com a expectativa do representante especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Luiz Carlos dos Santos. Ele é o segundo homem no comando da Minustah, a missão de paz das Nações Unidas que está na ilha caribenha desde junho de 2004. Isso porque os eventos desse início da temporada de furacões na região desviam a atenção das tropas da missão de estabilização para a reconstrução da infra-estrutura destruída. ;Nos próximos 12 meses provavelmente a concentração será nessa reconstrução;, afirmou Santos. ;Vocês podem dizer que vai haver um grande impacto, houve um atraso em todas as iniciativas de fortalecimento institucional;. Em todo o país, desde 25 de agosto até a primeira semana de setembro, pelo menos 423 pessoas morreram, segundo dados oficiais do Departamento de Defesa Civil haitiano. Outras 69 pessoas estão desaparecidas e há 307 feridos. No total, desde a passagem do furacão Fay, mais de 131 famílias, ou 800 mil pessoas, foram afetadas, em torno de 10% da população. Ainda de acordo com a Defesa Civil, mais de 13 mil casas foram completamente destruídas e quase 54,5 mil, danificadas de alguma forma. ;Se você fizer uma análise do país, pode considerar que isso aí pode causar um atraso em todo o programa de estabilização e de desenvolvimento do país;, observou o comandante da força da Minustah, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, ao destacar que no ano passado o Haiti teve um crescimento positivo que não registrava há 20 anos. ;Uma catástrofe dessas é claro que pode atrasar esse desenvolvimento, pode ser que este ano ele seja negativo;, completou. Segundo Santos Cruz, 16 pontos de estradas estão obstruídos, dificultando a comunicação com as áreas afetadas. Os dois primeiros furacões, Fay e Gustav, atingiram principalmente o sul do país, e os outros dois, Hannah e Ike, o centro e norte, especialmente a cidade de Gonaives. ;Com isso tivemos que mobilizar uma estrutura muito grande para dar um apoio de emergência na parte de alimentação, entrando diversos países, agências da ONU, para fazer essa coordenação humanitária;, afirmou o general. As tropas da ONU, no caso os argentinos que estão responsáveis pela estabilização da área de Gonaives, foram empregadas nos primeiros socorros e também foram deslocadas para o trabalho no âmbito do Programa Mundial de Alimentação, que distribui alimentos às pessoas atingidas.