PEQUIM - A China anunciou nesta quinta-feira (25/09) que quer fornecer mais meios ao sistema de controle da segurança alimentar, abalado pelo escândalo do leite contaminado que matou pelo menos quatro bebês.
"As autoridades de inspeção da qualidade receberam ordem de criar cerca de 400 centros de controle em dois anos e 80 deles serão para o controle de alimentos", declarou Hou Linglin, um alto responsável da Administração encarregada do controle da qualidade, em conferência em Pequim.
"A China é um grande país produtor de agroalimentos e o número de produtos que precisam ser controlados cresce rapidamente", ressaltou. "Apesar de as autoridades centrais e locais terem aumentando seus investimentos ano a ano, atualmente mais de 50% dos equipamentos são utilizados há mais de sete anos e são muito velhos", acrescentou.
O escândalo do leite adulterado começou em 11 de setembro, quando a principal empresa acusada reconheceu publicamente problemas com seu leite em pó para recém-nascidos. Desde então, testes revelaram a presença de melamina, uma substância química usada principalmente na fabricação de plástico, por 22 fábricas no total.
Este leite contaminado provocou a morte de pelo menos quatro bebês, que sofreram de problemas renais. No total, cerca de 53 mil pequenas vítimas tiveram de ser tratadas no país, a grande maioria bebês de menos de dois anos. Quase 13 mil menores se encontravam internados no início desta semana.
Segundo a agência Nova China, o ministério da Agricultura indicou ter ativado em todo o país grupos de trabalhos especiais para regular o mercado do leite. Além disso, os governos locais prometeram subsídios aos produtores de leite, acrescentou a agência.
A reputação dos produtos "made in China" foi gravemente atingida por este novo escândalo de segurança alimentar, após uma série de casos nos últimos anos, envolvendo brinquedos com alto teor de tinta tóxica.
"Isto influencia muito no desejo de compra das pessoas. Estamos assistindo a uma repetição deste tipo de incidentes", comentou Jim Cramer, responsável da administração da Agricultura no estado de Oregon (noroeste dos EUA). "Isto mina a confiança das pessoas dentro do próprio país e também, claro, internacionalmente", explicou, em Pequim, onde está participando de uma conferência sobre a segurança alimentar.