TÓQUIO - O conservador Taro Aso foi eleito nesta quarta-feira (24/09) primeiro-ministro do Japão pelo Parlamento, e agora tem a difícil missão de levar seu partido à vitória nas próximas eleições legislativas e enfrentar a recessão econômica como plano de fundo.
Após três tentativas infrutíferas desde 2001, Aso, que goza de uma grande popularidade no meio político do país, conseguiu finalmente, aos 68 anos, chegar à cabeça do governo, após a repentina demissão em 1º de setembro do primeiro-ministro, Yasuo Fukuda, que alcançou o pico da popularidade após somente um ano no poder.
Aso deve anunciar a composição de seu governo mais tarde nesta quarta-feira, antes de embarcar quinta-feira com destino à Nova York para participar na Assembléia Geral da ONU. O Partido Liberal Democrata (PLD, conservador) que governa o Japão sem interrupção desde 1955, aposta na popularidade de Aso para ganhar as próximas eleições legislativas.
Segundo analistas políticos japoneses, o novo primeiro-ministro deve dissolver a Câmara dos Deputados nos próximos dias e convocar eleições antecipadas até o final de outubro ou início de novembro.
Enquanto a recessão ameaça atingir a segunda economia do mundo, PLD chegou à conclusão de que não vale a pena esperar o final da legislatura, em setembro de 2009, e que é melhor aproveitar a esperança suscitada pela chegada ao poder de uma personalidade carismática como Aso, após o mandato de Fukuda.
Mas a partida ainda não está ganha, porque as reformas neoliberais aplicadas nos últimos anos agravaram as desigualdades sociais nas cidades e pioraram o nível de vida nas zonas rurais, base eleitoral tradicional do PLD. O chefe da oposição, Ichiro Ozawa, presidente do Partido Democrata do Japão (PDJ, centro), entendeu a situação e vem multiplicando suas promessas em políticas sociais, para repetir a vitória obtida nas eleições para o Senado de 2007.
Aso, que não esconde sua postura antiliberal em questões econômicas, prometeu que a principal prioridade de seu mandato será aumentar o gasto público para estimular a economia, contrariamente à política de redução do défitit defendida nos últimos anos pelos reformistas liberais do PLD.
"Quando vejo a situação financeira e outras coisas, tenho a impressão de que estamos atravessando um período de turbulências, não um período de paz", afirmou Aso aos jornalistas nesta quarta-feira antes da votação no Parlamento, em alusão á crise dos mercados financeiros.
Rico herdeiro da cimenteira Aso Cement, Aso ocupou vários postos ministeriais, entre eles a prestigiosa carteira das Relações Exteriores entre 2005 e 2007, onde construiu uma reputação de nacionalista sem complexos. Após estudar nos EUA e na Grã-bretanha, trabalhou no comércio de diamantes de Serra Leoa e inclusive representou o Japão no tiro ao prato nos Jogos Olímpicos de Montreal em 1976.