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Taro Aso é o novo premiê do Japão

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TÓQUIO - Taro Aso, designado nesta segunda-feira (22/09) como próximo primeiro-ministro do Japão, é um personagem curioso: "falcão" na política, admirador de gibis japoneses, e um apaixonado por tiro, esporte no qual se tornou campeão ao representar seu país Jogos Olímpicos de Montreal. Aos 68 anos, Aso conseguiu se converter em presidente do PLD e assim chegar à chefatura do governo, cargo em que será confirmado na quarta-feira pela Câmara de Deputados - onde seu partido é majoritário -, depois de ter tentado isso em três ocasiões. A opinião pública de um modo geral vê em Aso a autoridade que o até então premier e presidente do PLD, Yasuo Fukuda, não possuía. Segundo o ex-ministro da Justiça, Kunio Hatoyama, Aso será "o primeiro-ministro mais divertido da história" e sua chegada ao poder marcará o fim de um "Japão lento e sem brilho". Taso ganhou reputação de 'falcão' na política externa quando foi chefe da diplomacia entre 2005 e 2007, depois de ocupar várias pastas. Defende a aliança com os Estados Unidos, reforçar o poderia militar nacional e seguir firme ante à China, apesar de reconhecer que Tóquio e Pequim devem "prosperar juntos". Antiliberal na economia, defende a reativação mediante o gasto público. Aso é, para muitos, um personagem curioso: há algum tempo foi surpreendido por uma câmera de vigilânica num aeroporto lendo com avidez uma história em quadrinho e acabou revelando ser um "otaku", os jovens japoneses de físico esmirrado e fanáticos por "mangás" (gibis) e objetos eletrônicos, ou seja, um típico nerd. Prova disso é que Taro Aso promoveu a criação do "Prêmio Internacional do Mangá" fazendo campanha no extravagante bairro de Akihabara, templo, na capital, do mundo "high tech" e dos colecionadores de quadrinhos e 'action figures'. Seu gosto pelo sarcasmo já o fez passar maus momentos em vários ocasiões, como, em 2007, quando teve de pedir desculpas depois de fazer uma piada sobre portadores do Mal de Alzheimer, o que não agradou muito em um país de pessoas muito idosas. A reputação de Aso quase foi danificada por acusações contra a empresa de cimento da família, que teria empregados e escravos coreanos durante a ocupação japonesa da Coréia (1910-1945). Pertencente a uma dinastia de políticos que deu outros primeiros-ministros, como seu avó Shigeru Yoshida (1946-1947 e 1948-1954) e seu sogro, Zenko Suzuki (1980-1982). Também foi aventureiro na juventude, quando, depois de estudar nos Estados Unidos e Inglaterra, foi para Serra Leoa trabalhar no ramo dos diamantes. E, em 1976, Taro Aso representou o Japão nos Jogos Olímpicos de Montreal, na especialidade de tiro.