ISLAMABAD - As autoridades paquistanesas perseguem nesta segunda-feira (22/09) a célula da rede Al-Qaeda suspeita de ter cometido sábado um atentado contra o hotel Marriott de Islamabad, que matou 60 pessoas, ameaçando a vida do presidente e do primeiro-ministro.
Na noite de sábado, um suicida jogou um caminhão com 600 kg de explosivos em frente à barreira de segurança desse luxuoso hotel, que foi reduzido a escombros.
Na entrada da capital, a polícia e o Exército revistam todos os caminhões em um posto de controle instalado desde o início dos atentados suicidas que deixaram 1.300 mortos em todo o país em pouco mais de um ano. Os ataques são atribuídos pelas autoridades aos talibãs paquistaneses ligados à rede Al-Qaeda de Osama bin Laden.
O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, e seu primeiro-ministro, Yusuf Raza Gilani, tinham programado um jantar no hotel Marriott na hora em que ocorreu o atentado, mas mudaram os planos de última hora, informou nesta segunda-feira o ministério do Interior.
"O presidente do Parlamento havia organizado naquela dia um jantar no Marriott para todos os dirigentes, mas mudaram o local do encontro e todos os dirigentes se salvaram", indicou um assessor do ministério. "Por enquanto, concentramos todos os nossos esforços na busca de uma rede em Islamabad que facilitou a preparação e o transporte da bomba", explicou uma fonte ligada às investigações.
Segundo autoridades policiais, pelo menos 60 pessoas morreram no ataque, mas um balanço oficial registra 53 mortos e 266 feridos. Entre os mortos estão dois americanos, o embaixador tcheco em Islamabad e uma vietnamita. Agentes da inteligência dinamarquesa foram dados como desaparecidos.
Pelo que tudo indica, os explosivos foram transportados aos poucos das zonas tribais do noroeste do Paquistão, fronteira com o Afeganistão e reduto dos talibãs paquistaneses ligados à Al-Qaeda, concluiu o responsável dos serviços de segurança.
Domingo, o conselheiro do primeiro-ministro para Assuntos Internos, Rehman Malik, acusou indiretamente os talibãs paquistaneses ligados à Al-Qaeda, garantindo que o TNT e o RDX, os explosivos de alta qualidade utilizados no ataque, eram do mesmo modelo dos usados em dois atentados anteriores, um deles contra a embaixada da Dinamarca em Islamabad assumido pela Al-Qaeda.
Até agora ninguém assumiu o atentado contra o hotel Marriott, mas especialistas na rede de Osama bin Laden consideram há meses que o noroeste do Paquistão se transformou na nova frente de guerra contra o terrorismo. Nesta segunda-feira, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse que ambos os países fronteiriços se comprometeram a realizar uma "cooperação honesta" para lutar contra o terrorismo.
Os Estados Unidos estão convencidos de que os talibãs afegãos e a Al-Qaeda reconstituíram suas forças nestas zonas tribais, onde forças americanas e afegãs multiplicaram os disparos de mísseis contra combatentes fundamentais, que obviamente atingem civis, apesar dos protestos do Paquistão.