LONDRES - Mais de três anos depois de o brasileiro Jean Charles de Menezes ter sido morto por erro da polícia britânica, a investigação pública sobre as circunstâncias da morte teve início nesta segunda-feira (22/09) em um tribunal improvisado em um campo de críquete no sul Londres.
A corte, no salão John Mayor do campo de críquete Oval, estava repleta de advogados das duas partes, separados do público por grandes telas, atrás das quais estavam posicionados alguns jornalistas - a maioria foi agrupada em um edifício anexo - e membros da família.
Por parte da família estavam presentes Alex Pereira, Alessandro Pereira e Patrícia da Silva Armani, primos do brasileiro de 27 anos que foi atingido por sete tiros na cabeça em um vagão do metrô londrino por policiais da Scotland Yard que o confundiram com um terrorista suicida.
No total, 50 policiais prestarão depoimento de maneira anônima sobre os acontecimentos de 22 de julho de 2005, quando o brasileiro, que seguia para o trabalho como todos os dias, foi morto com tiros à queima-roupa por dois policiais.
A morte de Jean Charles aconteceu duas semanas depois dos atentados contra os transportes públicos londrinos, que deixaram 52 mortos, e no dia seguinte a uma série de atentados frustrados em Londres.
No edifício em frente ao campo de críquete, com forte esquema de segurança, ativistas da campanha Justiça para Jean exibiam uma faixa com a frase "Investigação, não acobertamento", enquanto outros exibiam cartazes com a frase "Três anos sem justiça".
No tribunal também estão presentes membros da campanha, que desde a morte do brasileiro lutam, ao lado dos familiares e de seus representantes legais, para que se investigue o que qualificam de "assassinato".