O presidente da Bolívia, Evo Morales, designou neste sábado (20/09) um membro da Marinha como prefeito interino do departamento opositor de Pando, após a violência política que deixou 19 mortos no país e causou a detenção preventiva do administrador dessa região.
O almirante Landelino Bandeiras Arce prestou juramento em uma cerimônia realizada no Palácio Presidencial de La Paz com promessas de "devolver a essa região, a paz, a tranqüilidade e a segurança cidadãs".
Bandeiras substitui o opositor Leopoldo Fernández, que está detido preventivamente na prisão de La Paz.
Fernández é acusado de ser o mentor da formação de grupos radicais que enfrentaram camponeses defensores do governo no dia 11 de setembro em um povoado nas imediações de Cobija, capital de Pando, com um registro de pelo menos 14 mortos, várias dezenas de feridos e desaparecidos.
Morales afirmou em seu discruso que a principal tarefa do prefeito interino, que ficará no cargo por 90 dias, é "garantir a paz e a ordem no departamento".
Morales reconheceu que a violência registrada nesse departamento, situado no extremo norte da Bolívia, na fronteira com o Brasil, se deveu em parte ao fato de o Estado "não ter conseguido garantir presença plena nessa região e em outras áreas fronteiriças", onde disse que sente que "algumas pessoas envolvidas com o narcotráfico operam nessas regiões".
Pando foi o epicentro da violência política deflagrada em cinco regiões das nove do país lideradas por opositores ferrenhos de Morales, que impulsionam projetos autonomistas contra seu novo projeto constitucional.
Após a violência política, governo e oposição estão reunidos na cidade de Cochabamba em busca de um acordo de pacificação para acabar com a crise política, na presença de observadores internacionais da OEA, da União Européia, da Unasul, das Nações Unidas, entre outros.