OTTAWA - Os astrônomos que buscam sistema solares que podem abrigar vida poderiam estar procurando em lugares errados, segundo um novo estudo que sugere que nosso Sol está longe de suas origens na galáxia. Cientistas da Universidade de Washington (Seattle), da Universidade de Central Lancashire (Inglaterra) e da Universidade de McMaster (Ontário) fabricaram um modelo informático que simula o movimento das estrelas na Via Láctea durante mais de nove bilhões de anos.
A simulação, que levou 100 mil horas de computador, descobriu que as estrelas não permanecem na mesma órbita em torno do centro de uma galáxia, como se acreditava, e sim que migram do centro de seus braços em espiral ou, inclusive, mais longe. Por isso, os astrônomos que consideram a posição de nosso Sol como um ponto de partida em sua busca por regiões da galáxia onde se acredita que existam elementos necessários para a vida devem ampliar sua busca.
"Existia esta suposição de que nossa posição e a galáxia eram estáticas, que uma estrela estava na mesma posição no disco galáctico que no momento em que se formou", explicou James Wadsley, da Universidade McMaster. "Agora o panorama mudou um pouco ", acrescentou.
Em termos práticos, isso dificulta o trabalho de achar sistemas solares similares ao nosso porque a zona habitável é muito mais fluida e, inclusive, pode se estender até a "beirada da própria galáxia ", indicou Wadsley.
Estudos anteriores não conseguiram observar a migração das estrelas porque seus movimentos são muito sutis. Observando a galáxia durante mais de um bilhão de anos, estes movimentos e as forças por trás deles se tornaram mais evidentes. A descoberta foi publicada na última edição da revista Astrophysical Journal Letters.