Jornal Correio Braziliense

Mundo

Evo Morales faz nova proposta a governadores rebeldes

;

O presidente da Bolívia, Evo Morales, fez nesta quinta-feira uma nova proposta aos quatro governadores rebeldes, envolvendo a eleição de autoridades provinciais, visando obter um acordo nacional, informou o porta-voz oficial Iván Canelas. Morales propôs "a eleição de conselheiros departamentais (encarregados de fiscalizar os nove governadores) e de subprefeitos (em 112 províncias) o mais breve possível", disse Canelas, assinalando que a medida é analisada pelos líderes rebeldes de Santa Cruz, Pando, Chuquisaca e Tarija. Segundo Canelas, os governadores Rubén Costas (Santa Cruz), Mario Cossío (Tarija), Ernesto Suárez (Beni) e Savina Cuéllar (Chuquisaca), que fazem forte oposição a Morales, "não realizaram ainda qualquer proposta" para viabilizar um acordo, após mais de 11 horas de diálogo. A convocação de eleições para conselheiros e subprefeitos foi adotada em agosto passado por Morales, em um decreto julgado inconstitucional pela Corte Nacional Eleitoral, já que a medida exigiria a aprovação do Congressso boliviano. A nova proposta se soma à oferta realizada mais cedo nesta quinta-feira, visando a suspensão de todos os bloqueios de estrada, inclusive os mantidos por partidários de Morales em torno da cidade de Santa Cruz, bastião do movimento rebelde. Pela oferta, seriam criadas três comissões para discutir os temas mais urgentes da política boliviana. Morales discute em Cochabamba (centro), com os quatro governadores rebeldes, as bases para obter um acordo de longo alcance, com a ajuda de mediadores, como a Igreja Católica e delegados e diplomatas da Unasul, da OEA, da ONU e da União Européia. O encontro acontece a portas fechadas em um complexo turístico na periferia de Cochabamba, mas as discussões são esporadicamente alteradas por protestos de jovens do lado de fora exigindo sanções para o governador de Pando, Leopoldo Fernández, detido pelo governo. Em La Paz, a Justiça negou hoje o recurso de habeas corpus em favor de Leopoldo Fernández, preso na terça-feira passada após o massacre de pelo menos 16 camponeses em seu departamento. Costas foi detido pelos militares por ignorar o estado de sítio decretado pelo governo de La Paz em Pando, departamento amazônico na fronteira com o Brasil, e por ser um dos mandantes do massacre dos camponeses, que apoiavam o presidente Evo Morales. Os advogados de Costas apresentaram o habeas corpus argumentando que a prisão foi ilegal, mas a terceira turma da Corte Superior do Distrito de La Paz julgou o pedido improcedente, segundo a estatal Agência Boliviana de Informação (ABI).