PEQUIM - O escândalo do leite em pó adulterado na China, que desencadeou uma psicose após a morte de quatro bebês, se estendeu ao produto líquido nesta quinta-feira (18/09), ao mesmo tempo que as autoridades de Hong Kong anunciaram ter detectado o mesmo tipo de contaminação com melamina em sorvetes e iogurtes.
Os inspetores sanitários encontraram melamina no leite líquido comercializado por três das maiores empresas leiteiras do país, informou nesta quinta-feira a televisão estatal chinesa CCTV. A presença no leite em pó desta substância nociva, destinada a elevar os níveis de proteínas do produto, causou até o momento a morte de quatro bebês e provocou doenças em 6.244 crianças, segundo o último boletim oficial divulgado nesta quinta-feira.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu a Pequim que justifique porque demorou tanto a revelar o problema, levando em consideração que a primeira morte ocorreu em maio passado. Milhares de pais estão preocupados e levando seus filhos aos hospitais. Segundo o canal CCTV foram detectados vestígios de melamina, substância que provoca cálculos renais e bloqueio das funções renais, em produtos comercializados por Mengniu (em 11 de 121), Yili (7 de 81) e Guangming (6 de 93).
"A administração geral responsável pelo controle de qualidade pediu a retirada dos produtos à venda e convocou os fabricantes para sancioná-los", segundo a televisão. As autoridades não encontraram nenhum componente suspeito nos produtos de outras duas grandes fabricantes de leite e derivados, Sanyuan e Nestlé.
Paralelamente, em Hong Kong, o Centro para Segurança Alimentar (CFS) anunciou ter descoberto a melamina em oito produtos (bebidas, sorvetes e lácteos) comercializados por Yili - patrocinador oficial dos recentes Jogos Olímpicos de Pequim -, e exigiu que fossem recolhidos. "Pedimos insistentemente ao público que não beba produtos desta marca", declarou o diretor da CFS, Constance Chan.
A cadeia de supermercados Wellcome anunciou na terça-feira a retirada de suas prateleiras de sorvetes e iogurtes fabricados pelo grupo Yili, da Mongólia Interior (norte), está entre as 22 companhias responsabilizadas pela fabricação de leite em pó contaminado. As autoridades revelaram na quarta-feira que duas estas empresas exportavam seu produtos para o Burundi, Gabão, Bangladesh, Mianmar e Iêmen.
O governo chinês se esforça para contornar a crise. Durante uma reunião presidida pelo primeiro-ministro, Wen Jiabao, se decidiu "inspecionar em escala nacional a indústria leiteira", informou nesta quinta-feira a repartição responsável pelo controle de qualidade destas empresas.
O escândalo "mostra que o mercado de produtos lácteos está totalmente desorganizado e que o sistema de supervisão é defeituoso", segundo o citado órgão. O governo se comprometeu a esclarecer o caso e "punir com firmeza os infratores, de acordo com a lei".
Doze pessoas compareceram nesta quinta-feira ante a justiça e já são 18 os detidos por este caso, anunciou a polícia local. Esta crise é um grande golpe na reputação dos produtos chineses depois que nos últimos anos foram encontrados pesticidas em raviólis e anticongelante em pastas de dente.