PEQUIM - O escândalo do leite em pó contaminado, que provocou na China a morte de três recém-nascidos e afetou mais de 6.200 bebês, segundo um novo balanço publicado nesta quarta-feira (17/09), está lotando os hospitais e deixando os pais muito preocupados.
As autoridades chinesas admitiram que as duas companhias de leite acusadas exportam seus produtos - para Burundi, Gabão, Bangladesh, Birmânia e Iêmen - e que iogurtes contaminados foram encontrados em Hong Kong. O último balanço anunciou três mortes, além das duas divulgadas anteriormente, dois bebês de Gansu (noroeste) e um outro de Zhejiang (leste), e 6.244 crianças atingidas, segundo o ministro da Saúde Chen Zhu.
Entre os últimos, 1.327 estão internados, incluindo 158 "com graves casos de insuficiência renal". Entretanto, 94 crianças entre os 158 casos graves "estão estáveis", acrescentou Chen. Em Pequim, dezenas de famílias chegaram nesta quarta-feira ao Instituto de Pesquisas Pediátricas, um dos grandes estabelecimentos da capital. "Estamos todos preocupados", explicou An Fengyun, uma mãe de 34 anos, com sua filha de dois anos no colo. A criança chora, porque não conseguiu comer. Nos supermercados, os produtos suspeitos foram retirados das prateleiras.
Na véspera, a televisão anunciou que 22 fabricantes de leite em pó estavam envolvidos, e não somente um, e que o escândalo atingia ainda todo o território. Os jornais publicaram integralmente a lista de fabricantes e 69 lotes contaminados com melanina, uma substância química acrescentada ilegalmente para parecer que o leite tem taxa de proteína mais elevada.
"Conforme os resultados das investigações vão sendo divulgados, os hospitais vão recebendo mais pais que chegam para examinar suas crianças", comentou o ministro da Saúde. "A prioridade no atendimento é ajudar os pacientes a recuperar a saúde, o ministério terá uma atitude responsável com o povo", lançou Chen Zhu.
As autoridades centrais anunciaram também uma campanha de inspeção de toda a rede. Yang Chongyong, governador adjunto de Hebei, província vizinha a Pequim, acusa as autoridades da cidade de Shijiazhuang, sede do grupo Sanlu. Avisadas pela empresa desde 2 de agosto, elas não fizeram nada.
A diretora geral da Sanlu, Tian Wenhua, acusada na noite de terça-feira, foi detida pela polícia, anunciaram os jornais chineses nesta quarta-feira.