CIDADE DO VATICANO - O Vaticano anunciou nesta terça-feira (16/09) a realização de um simpósio no próximo ano por ocasião do aniversário de 150 anos da "Teoria da Evolução das Espécies", do cientista inglês Charles Darwin, um conceito que "jamais foi condenado pela Igreja católica", segundo o 'ministro da Cultura' Gianfranco Ravasi.
A palestra acontecerá em Roma, de 3 a 7 março de 2009, e discutirá o tema em relação ao "criacionismo" defendido pelos cristãos fundamentalistas, particularmente influentes nos Estados Unidos. "Não há qualquer incompatibilidade entre a teoria da evolução e a mensagem da Bíblia", afirmou Ravasi, presidente do conselho pontificial para a Cultura.
"Não é a teoria da evolução, enquanto teoria científica, que é incompatível com a fé em um Deus criador, mas o fato de se fundamentar em elementos-chave da interpretação de toda a realidade", acrescentou Marc Leclerc, professor da Universidade Pontificial Gregoriana, entidade jesuíta que organizará o encontro junto com a Universidade de Notre Dama de do Estado de Indiana (EUA).
"Há muita confusão e se costuma opor o evolucionismo com o criacionismo. Para alguns, o 'desenho inteligente' de Deus explica os processos da evolução. A finalidade divina substituiria esse mecanismo (a evolução), apesar de se tratar claramente de dois níveis distintos", acrescentou.
"Queremos gerar um amplo debate a nível racional para favorecer o diálogo entre estudiosos com competências distintas. Trata-se de um encontro universitário e não de uma encontro católico", enfatizou. Ravasi afirmou ainda que os Papas Pio XII, João Paulo II, assim como Bento XVI, se interessavam muito pela teoria da evolução.