SANTIAGO - Nove presidentes da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e o titular da Organização dos Estados Americanos se reúnem nesta segunda-feira (15/09), em Santiago do Chile, para tentar encontrar uma solução para a grave crise que deixou a Bolívia à beira de uma guerra civil.
Os presidentes sul-americanos e o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, se reunirão a partir das 16h de Brasília no Palácio Presidencial de La Moneda, e devem oferecer, ao término do encontro, uma coletiva de imprensa.
Entre os líderes sul-americanos não existe um consenso sobre como tratar o conflito. De um lado estão os aliados do governo da Bolívia, liderados pelo venezuelano Hugo Chávez e o equatoriano Rafael Correa, e do outro lado presidentes mais conciliadores como o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o colombiano Alvaro Uribe.
"É preciso deixar claro que não temos direito de tomar nenhuma decisão sem que o governo e a oposição da Bolívia estejam de acordo", declarou Lula antes de viajar ao Chile.
Numa postura mais intermediária, estariam as presidentes chilena Michelle Bachelet e argentina Cristina Kirchner, o novo presidente paraguaio Fernando Lugo e o uruguaio Tabaré Vázquez.
A reunião, segundo fontes do governo chileno, terminará com uma declaração conjunta. Este é o primeiro conflito que deve ser resolvido pela recém-criada Unasul, e suas conseqüências serão vitais para a reafirmação do grupo em nível regional, na visão dos analistas.
O encontro foi convocado no sábado por Bachelet, que exerce a secretaria pro tempore do grupo. Bachelet decidiu reunir seus pares latino-americanos para definir posições em relação à grave crise política vivida pela Bolívia, onde uma onda de violentos enfrentamentos já deixou pelo menos 30 mortos.
"O objetivo é ver como, a partir da Unasul, podemos tomar uma atitude positiva e construtiva, que permita aproximar as partes, apoiar os esforços do povo e do governo boliviano para ir em busca de uma garantia de seu processo democrático, da estabilidade e da paz na Bolívia", declarou Bachelet. "Não queremos permanecer impávidos diante de uma situação que nos preocupa", insistiu.
O único que não deve participar do encontro é o presidente peruano, Alan García, que tem uma viagem ao Brasil programada, e enviará o chanceler José García Belaúnde para representar o país.
Os prefeitos opositores da Bolívia pediram para participar nessa reunião, o que para a Argentina é inaceitável, segundo Agustín Colombo Sierra, subsecretário de Assuntos Latino-americanos da chancelaria argentina. "Em uma reunião de chefes de Estado não podem participar governadores", assinalou.
O organismo agrupa doze países: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela.