Muita água vai rolar até uma decisão definitiva que agrade a brasileiros e paraguaios sobre a exploração da usina hidrelétrica de Itaipu. A central foi financiada com capital brasileiro, mas o recurso natural pertence a ambos os países. Aumentar o preço da energia vendida ao Brasil é uma das grandes apostas do governo do presidente Fernando Lugo para o desenvolvimento econômico do Paraguai. O ministro das Relações Exteriores paraguaio Alejandro Hamed Franco esteve ontem em Brasília para tratar desse assunto e outros da agenda bilateral, como a visita de Lugo ao Brasil no próximo dia 17. ;Será o momento provavelmente de instalar a mesa que vai tratar especificamente desse tema (Itaipu) e, em grande medida, isso vai contar com a supervisão de técnicos do Ministério das Relações Exteriores do meu país;, disse Hamed.
;Você imagina ser sócio da maior hidrelétrica do mundo e faltar energia na sua capital. Isso não é possível;, reconheceu o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em entrevista no Itamaraty. Amorim preferiu não entrar em detalhes técnicos sobre o aumento das tarifas. ;A engenharia financeira de Itaipu é talvez mais complicada que a engenharia física. Vou deixar para os especialistas, mas vamos encontrar soluções positivas;.
Enquanto a idéia de uma melhor compensação ao Paraguai pela energia de Itaipu não sai do papel, o governo brasileiro aposta nos projetos de cooperação para convencer o vizinho. Amorim anunciou a conclusão de um estudo de viabilidade para construir uma linha de transmissão de energia ligando Itaipu a Assunção (capital paraguaia), feito a pedido do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). ;Continua sendo nosso firme propósito financiar essa linha de transmissão;, disse o ministro.
Amorim mencionou o incentivo do governo brasileiro a projetos industriais e agroindustriais no Paraguai. O ministro se mostrou preocupado com a questão dos brasiguaios no país vizinho, principalmente em relação às invasões de propriedades dos plantadores de soja na região de São Pedro. ;Estamos vivendo um período pós-eleitoral e vamos precisar de um pouquinho de paciência;, disse o chanceler brasileiro.
Acordo
O Congresso paraguaio aprovou um Acordo sobre Residentes do Mercosul que possibilitará a permanência legal de brasileiros no Paraguai, e Amorim aguarda rapidez para sua entrada em vigor. ;Temos a certeza de que os brasileiros serão tratados de modo adequado, até porque eles têm contribuído de maneira importante para o crescimento e o desenvolvimento paraguaio;, destacou. O Brasil é o principal parceiro do Paraguai. De 2002 a 2007, o comércio entre os dois países aumentou em 121%, passando de US$ 942 milhões para US$ 2,1 bilhões. Outro tema que promete entrar na agenda bilateral é o regime de tributação unificada (RTU), que une os impostos cobrados pela importação de produtos do Paraguai e regulariza a situação dos sacoleiros. Um diplomata paraguaio disse ao Correio que ;o assunto está parado no Senado brasileiro;.