Um dia depois de fazer o discurso de aceitação da candidatura republicana à presidência dos Estados Unidos, John McCain retomou a estratégia adotada durante toda a convenção de seu partido, de segunda a quinta-feira: ignorar ou criticar George W. Bush. O senador pelo Arizona e sua companheira de chapa, a governadora do Alasca, Sarah Palin, fizeram campanha em Wisconsin e aproveitaram a divulgação do índice de desemprego no país para alfinetar a Casa Branca. ;Estamos em tempos difíceis;, disse McCain a cerca de 12 mil pessoas em Cedarburg, subúrbio de Milwaukee. ;Todos vocês já se perguntaram se o governo não deveria ficar ao seu lado, em vez de no seu caminho, e é isso que pretendo fazer;, acrescentou, prometendo programas de geração de postos de trabalho e requalificação profissional.
O novo relatório do Departamento do Trabalho sobre emprego nos EUA mostrou que 84 mil postos foram fechados em agosto, e o desemprego chegou a 6,1% da população economicamente ativa. Obama não perdeu tempo para vincular o assunto à administração Bush e ao adversário. ;Vocês deveriam achar que George W. Bush e seu potencial sucessor republicano John McCain passam muito tempo se preocupando com a economia, com todos esses empregos perdidos sob o olhar deles;, comentou Obama a operários de uma fábrica de vidros e lentes em Duryea, Pensilvânia. ;Mas se vocês tivessem visto a convenção nacional republicana nos últimos três, saberiam que não é assim. Temos a maior taxa de desemprego em cinco anos, e eles não disseram nada a respeito do que está ocorrendo com a classe média.;
Durante toda a convenção republicana, o nome do presidente não foi citado nos discursos principais. Nem um vídeo sobre a resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001 mostrou a imagem de Bush. Todos os oradores buscaram apresentar McCain como o verdadeiro homem da mudança, se apropriando da palavra mais usada pelo adversário democrata. Palin disse que ela e o senador ;compartilham o objetivo da mudança;. A escolha da governadora como vice ilustra essa busca por reforma ; ao menos na teoria ; dentro do partido oficialista. Figura pouco conhecida em Washington, ela é conhecida pelos eleitores do Alasca como uma política que combate a corrupção e os gastos públicos desnecessários.
No entanto, o sucesso da tática de McCain é duvidoso. ;Quando o presidente dos EUA é de seu partido, mostrar-se como um agente de mudança não é uma coisa mais fácil;, afirmou ao jornal The New York Times Joe Trippi, estrategista democrata. ;Tudo o que Obama tem de dizer é ;Bush-McCain, Bush-McCain;, acrescentou.
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