VARSÓVIA - A procuradoria polonesa tem um documento confidencial que prova a existência de um centro secreto da Agência Central de Inteligência americana (CIA) na primeira metade desta década, afirma edição desta sexta-feira (05/09) do jornal Gazeta Wyborcza.
O documento, que foi visto por fontes não identificadas do jornal, é um memorando de duas páginas dos serviços secretos poloneses, redigido no fim de 2005 ou início de 2006 após as primeiras informações da imprensa americana sobre a existência de prisões secretas da CIA na Europa pós-comunista.
Segundo a Gazeta, o documento confirma a existência de um centro secreto da CIA, mas não afirma diretamente que este centro teria sido utilizado como prisão para dirigentes da organização Al-Qaeda. Em 2007, Polônia e Romênia foram acusadas num relatório do Conselho da Europa de terem sediado entre 2003 e 2005 prisões clandestinas da CIA. Mas os governos de ambos os países, independentemente da tendência política, negaram as acusações.
Vários jornais americanos afirmaram em particular que o xeque Khaled Mohammed, suspeito de ter organizado os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos, foi interrogado e torturado perto do aeródromo de Szymany no norte de Polônia. Segundo a Gazeta, dois ministros do governo conservador e o procurador geral da época viram o documento em 2006, durante uma reunião.
Entrevistado pelo diário, o ex-procurador nacional Janusz Kaczmarek confirmou que houve um encontro, mas se negou a indicar qual foi o assunto abordado. Os outros participantes do encontro também não quiseram fazer comentários. Segundo o documento, o centro foi criado após um acordo entre poloneses e americanos em 2002 para a luta contra o terrorismo. A procuradoria polonesa confirmou no fim de agosto que abriu a primeira investigação sobre a possível existência de prisões secretas da CIA, mas não deu detalhes.