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Avó queniana de Barack Obama já imagina seu neto na Casa Branca

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KOGELO - Na aldeia remota de Kogelo, oeste do Quênia, uma idosa de 86 anos e avó de Barack Obama, não tem dúvidas de que o candidato democrata à presidência norte-americana "vai até o fim". "Tenho muita esperança de que ele vai até o fim, agora que Hillary Clinton se posicionou e declarou seu apoio a sua candidatura", declarou Sarah. Sarah é a terceira esposa do avô paterno de Barack Obama. Não tem laços biológicos com o candidato, mas ele a considera como sua avó. "Eu dormi tarde e não consegui assistir o discurso esta manhã porque estava me sentindo um pouco cansada, mas eu gostaria de ter ficado acordada e ver", acrescentou a octogenária. No momento em que Barack Obama pronunciava, na quinta-feira à noite, o discurso de encerramento da convenção democrata em Denver (Colorado), diante de mais de 75 mil partidários entusiasmados, era madrugada em Kogelo e caía uma chuva fina. Na manhã desta sexta-feira (29/08), entrevistada em sua modesta casa, Sarah Obama aguardava o recarregamento do painel solar para voltar a ligar a televisão e ver as últimas imagens do neto. Nesse momento, os habitantes de seu povoado começavam o dia, como sempre, levando seus rebanhos para pastar ou a caminho de suas plantações de milho. "Barack tem capacidade de vencer, conheço ele há anos e tem a energia" necessária, acrescentou a cunhada do candidato democrata, Leónida Atieno Akeyo, de cerca de sessenta anos. Filho de pai queniano e mãe americana, Obama, senador por Illinois desde 2004 e único negro com uma cadeira no Senado, aceitou oficialmente na quinta-feira em Denver a nomeação democrata na disputa pela Casa Branca, pedindo aos compatriotas união para restaurar "o sonho americano". A popularidade de Obama no Quênia transcende os limites de Kogelo e em junho o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, saudou a sua indicação à candidatura democrata, afirmando que seus compatriotas estavam entusiasmados, não só por suas origens como também pelo que representa. Assim como Odinga, o pai de Barack Obama, morto em 1982 em um acidente de carro, era da etnia Luo, a terceira maior do país em termos de população. O primeiro-ministro queniano brincou em várias ocasiões dizendo que Barack Obama seria, ao que parece, o primeiro Luo a se tornar chefe de Estado. Odinga ficou em segundo nas polêmicas eleições presidenciais de dezembro de 2007 no Quênia.