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A "guerra fria" que regeu as relações Leste-Oeste de 1947 a 1990

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postado em 27/08/2008 14:50
PARIS - Aliados durante a guerra contra o nazismo, os soviéticos e os ocidentais, sobretudo americanos, viveram uma "guerra fria" desde o plano Marshall de 1947, considerado "hostil" pela extinta URSS e seus aliados, até 1990, quando foi derrubado o bloco socialista. Dois anos depois dos acordos de Yalta, em fevereiro de 1945, quando Stalin, Roosevelt e Churchill decidiram a sorte da Europa, os ocidentais aceitaram que os países liberados pela URSS, como Polônia e Hungria, estivessem sob sua órbita; e o secretário de Estado americano George Catlett Marshall lançou um amplo programa de ajuda econômica à Europa, fortemente denunciado por Moscou. Aí nasceu a "guerra fria". Em março, Churchill já havia falado da "cortina de ferro" que separava os países do bloco soviético dos ocidentais, enquanto a Alemanha foi dividida em zonas de ocupação, separando-se em dois Estados, um pró-ocidental e outro pró-soviético. Começou então uma corrida armamentista e uma competição mais pacífica pela conquista do espaço. Em 1948, o "golpe de Praga" consagrou a hegemonia comunista. Em 1949 foi criada em Washington a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que reagrupou os países ocidentais, enquanto meses mais tarde nasceu o Pacto de Varsóvia, a resposta comunista. Desde então, americanos e soviéticos se enfrentaram em vários assuntos, cada um tentando preservar sua zona de influência. Mas nenhum dos dois buscou atacar o outro militarmente. Dos anos 50 aos 70, nas guerras da Coréia e do Vietnã, armaram e apoiaram lados diferentes, enquanto na ONU, os ministros soviéticos Molotov e Gromyko se opunham a qualquer proposta ocidental. A crise dos mísseis de Cuba em 1962 foi talvez o momento mais tenso dos 40 anos de confronto entre a URSS e os Estados Unidos. As relações atravessaram uma "fase mais quente" durante a década em que Nikita Kruschev se manteve no poder na União Soviética, a partir da morte de Stalin em 1953 até 1964. Kruschev subscreveu a doutrina de "coexistência pacífica" mas as relações com o Ocidente pioraram com a construção do muro de Berlim em 1961 e a crise dos mísseis cubana. A França do general De Gaulle, apelando para a "coexistência pacífica", deixou o comando integrado da Otan em 1966. A URSS criticou o apoio dos americanos às ditaduras sul-americanas e ajudou os guerrilheiros de esquerda, enquanto Washington e seus aliados denunciaram as intervenções na Hungria (1956) e na Tchecoslováquia (1968). Em 1972 um presidente americano, o republicano Richard Nixon, viajou à URSS. As relações se distenderam pouco a pouco, e foram assinados muitos acordos de desarmamento. Mas a intervenção soviética no Afeganistão em 1979 e a mobilização de mísseis da Otan na Europa em 1983 tornaram o clima novamente tenso, já que o presidente americano Ronald Reagan (republicano, 1981-1989) praticou uma política extremamente anti-soviética. Depois da chegada ao poder de Mikhail Gorbatchev em 1985 e da queda do muro de Berlim em 1989, os países da Europa Central e do Leste se desvincularam pouco a pouco da URSS, que se dissolveu em dezembro de 1991. Os 16 países da Otan e seis países do Pacto de Varsóvia, uma organização que desapareceu em março de 1991, já haviam firmado em 19 de novembro de 1990 em Paris uma "declaração comum" sobre o fim da guerra fria.

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