CABUL - O Afeganistão, que pediu na segunda-feira a renegociação dos termos da presença internacional em seu território após um bombardeio da coalizão liderada pelos Estados Unidos que matou 90 civis, não deseja, entretanto, que os soldados estrangeiros deixem o país, indicou nesta terça-feira (26/08) a Presidência. "Não queremos a saída das forças internacionais do Afeganistão. Não é a vontade do governo, nem a do povo afegão", afirmou o porta-voz da Presidência, Homayun Hamidzada, em uma entrevista coletiva à imprensa.
"Precisamos dos soldados estrangeiros, até que nossas próprias forças armadas estejam em condições de garantir a segurança do Afeganistão", acrescentou. "Entre nossas solicitações não está um calendário de retirada. O que desejamos é que a presença das tropas internacionais seja revista dentro de um novo marco baseado nas leis afegãs e internacionais", disse o porta-voz.
Na segunda-feira, o Conselho de Ministros solicitou a renegociação dos termos da presença das forças internacionais --cerca de 70 mil homens mobilizados em uma da Otan e em outra sob comando norte-americano-- após uma série de trágicos erros em bombardeios.
Trata-se de "estabelecer os limites e as responsabilidades das forças internacionais, conforme as leis afegãs e internacionais" e de "pôr fim aos bombardeios contra alvos civis, aos registros e às detenções ilegais de cidadãos afegãos", segundo um comunicado do Conselho de Ministros.
Cerca de 90 civis, em sua maioria mulheres e crianças, morreram na sexta-feira em um bombardeio no distrito de Shindand, no oeste do Afeganistão, segundo Cabul e as Nações Unidas. A coalizão só reconheceu a morte de cinco civis e 25 talibãs.