WASHINGTON - A "imprudência" do presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, levou a Rússia a invadir a Geórgia, estimou o ex-número um soviético Mikhail Gorbatchev em editorial publicado nesta quarta-feira (20/08) no jornal New York Times. A "Rússia não queria esta crise", escreveu o gestor da "Perestroika", da década de 1980, no fim da guerra fria com os Estados Unidos.
"A Rússia foi arrastada ao conflito pela imprudência do presidente georgiano, Mikhail Saakashvili. Ele não teria ousado atacar (a região separatista pró-russa da Ossétia do Sul) sem apoio externo. Depois de fazê-lo, a Rússia não poderia ficar de braços cruzados".
Gorbatchev lamentou as iniciativas do Ocidente e qualificou os esforços para isolar Moscou depois da invasão da Geórgia de "ameaças vãs", acusando Washington de "dirigir-se à Rússia de forma condescendente, sem levar em conta suas posições e interesses".
Também elogiou o presidente russo, Dmitri Medvedev, por sua decisão "de suspender as hostilidades - o passo correto a ser tomado por um líder responsável". "O presidente russo agiu com calma, segurança e firmeza. Os que apostaram em confusão em Moscou ficaram decepcionados", destacou.
O Prêmio Nobel da Paz criticou o Ocidente por lançar um "ataque propagandístico contra a Rússia, com os meios de comunicação americanos à frente". "A cobertura noticiosa foi qualquer coisa menos objetiva e equilibrada, especialmente durante os primeiros dias da crise" desatada com a invasão militar russa da Geórgia, iniciada no dia 7 de agosto na Ossétia do Sul depois da tentativa de Tbilisi de retomar o controle da região separatista, disse.
A chamada perestroika que significa em russo reconstrução, reestruturação foio, em conjunto com a Glasnost, uma das políticas introduzidas na União Soviética por Mikhail Gorbatchev, em 1985. A palavra perestroika ganhou a conotação de 'reestruturação econômica'. Gorbatchev percebeu que a economia da União Soviética estava falhando e sentiu que o sistema socialista, tal como estava, apesar de não ter de ser substituído, certamente necessitava de uma reforma.