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Russos distribuem ajuda humanitária em Gori, que só quer vê-los pelas costas

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GORI - Os russos distribuíam hoje alimentos aos moradores de Gori que, no entanto, só desejam vê-los partir de sua cidade, a mais próxima da Ossétia do Sul. Nesta cidade georgiana invadida pelos tanques russos, a operação humanitária está acompanhada de uma equipe de correspondentes estrangeiros que o exército russo trouxe para a ocasião a partir de Tskhinvali, capital do territorio separatista osseto. Um membro do governo georgiano também foi convidado para a missão e aproveitou para pedir a retirada das tropas russas. "A ocupação russa é uma história sem fim", denuncia o ministro do Desenvolvimento Regional, David Tkeshelashvili. Tkeshelashvili lamenta "a agressão" e a "pilhagem" em seu país, apesar de reconhecer que em Gori não há "uma catástrofe humanitária". A cidade está vazia no entanto, uma vez que só ficaram 15.000 de seus 55.000 habitantes. A água e o fornecimento de eletricidade não foram cortados, mas as lojas estão fechadas. "Fugimos porque os russos bombardearam a cidade. São ocupantes", acusa um morador de 40 anos, que prefere não se identificar Os tanques russos podem ser vistos na avenida Stalin, que tem este nome em homenagem ao homem forte da extinta URSS que nasceu nesta cidade georgiana. Segundo os moradores, os blindados tomaram conta da cidade, a ponto de perturbar o trânsito. A bandeira georgiana está hasteada a meio pau no edifício da prefeitura. Os víveres trazidos pelos caminhões russos, basicamente arroz e verduras, são aceitos logo. "Não precisávamos da ajuda deles antes de virem", comenta Anna, de 30 anos. "Nem a dos Estados Unidos nem a da Rússia", acrescenta. "Não estamos aqui para fazer política, mas para distribuir ajuda", diz um funcionário russo da operação. Vivíamos melhor antes" de sua chegada, responde Annaasegura. Mikheil, de 20 anos, lamenta que haja só "soldados russos na cidade, não policiais georgianos". Já uma anciã afirma sentir-se agradecida com a presença dos militares russos por terem imposto a ordem. "Os russos são nossos irmãos", assinala Tina Gassitashvili. Os militares "são gente valente, mandaram embora os ladrões", diz. Ao deixarem esta cidade consumida no silêncio, com várias fachadas de casas destruídas, os jornalistas estrangeiros passam diante de uma base militar georgiana vigiada por meia dúzia de tanques russos.