ISLAMABAD - O presidente paquistanês Pervez Musharraf anunciou nesta segunda-feira (18/08) que renuncia ao cargo, em um discurso à nação exibido pela televisão, na véspera do início de seu processo de destituição parlamentar impulsionado pelo governo. "Depois de analisar a situação e consultar conselheiros legais e aliados políticos, decidi renunciar", disse Musharraf com semblante grave. "Deixo meu futuro nas mãos do povo", acrescentou.
Musharraf fez esse inesperado anúncio depois de reiterar sua inocência e assegurar que as acusações políticas contra ele não se sustentam. "Nem uma só acusação contra mim se sustenta", assegurou. "Não podem provar nenhuma acusação porque nunca fiz nada em meu proveito, sempre fiz tudo pelo Paquistão", acrescentou. "Minha filosofia foi: primeiro o Paquistão", disse Musharraf no discurso. "Infelizmente, alguns elementos com interesses ocultos levantaram falsas acusações contra mim", acrescentou.
"Dizem que durante os últimos nove anos nossos problemas econômicos e os cortes de energia elétrica foram causados por nossas políticas. É absolutamente falso e uma decepção para o país", declarou. "Poderão ter êxito contra mim, mas não se deram conta de até que ponto poderá ser prejudicial para o país" essa vitória política, acrescentou, referindo-se a seus adversários.
A coalizão governamental hostil ao chefe de Estado, formada em março, se comprometeu no início de agosto a iniciar o processo de destituição do ex-general, um aliado-chave dos Estados Unidos em sua "luta contra o terrorismo" islâmico. Depois de uma disputa política que se prolongou por semanas, o governo se dispôs a apresentar a moção de destituição ao Parlamento nesta terça-feira. Musharraf, um militar que chegou ao poder graças a um golpe de Estado em 1999, foi releeito de maneira polêmica em outubro de 2007.